Por Patrícia Leite
“Quando
você tiver de fazer algum mal a alguém, faça-o todo de uma só
vez. A dor será intensa, mas apenas uma. Já o bem, faça-o em
parcelas. O favorecido ficará alegre e grato a você várias vezes”.
Há 548 anos, o mundo recebia de braços abertos e veria crescer e se desenvolver o pensamento maquiavélico.
Em 1513, numa conspiração para eliminar o cardeal Giovanni de Médici, foi preso e torturado. Este episódio de sua vida culminou em seu exílio nos arredores de Florença, onde se dedicou a escrita.
Neste período, Maquiável escreveu O Príncipe. Um título, aparentemente romântico, para uma espécie de manual sobre a arte de governar.
A obra – que nasce de suas experiências diplomáticas –, revela que é necessário ser príncipe, ou seja governante, para conhecer perfeitamente a natureza do povo. Mas também é preciso pertencer ao povo para conhecer a natureza dos príncipes.
Em tempos modernos, é o mesmo que dizer que é preciso conhecer a natureza dos que estão no comando político e a natureza do povo para quem se governa.
A expressão maquiavélico foi cunhada para descrever uma forma de pensar. Qualquer dicionário que se preze descreverá o termo como: ardiloso, pessoa que não se importa como vai atingir seus objetivos.
Em outras palavras “Os fins justificam os meios”. De fato, esta é uma frase atribuída a Maquiavel, por séculos, e que significa dizer que os governantes e outros poderes devem estar acima da ética e moral dominante para alcançar seus objetivos ou realizar seus planos.
Mas será? Embora a expressão não seja encontrada no texto original de O Príncipe, tornou-se uma interpretação tradicional do pensamento maquiavélico.
Mas Maquiavel também defende em sua obra que todos, em princípio, devem honrar a palavra dada. Contudo, ele relata que aqueles que não mantiveram a palavra empenhada tiveram mais êxito.
Maquiavel em uma única obra ensina a conquistar ou manter posições sociais diferentes. E com um brilhantismo que dobrou séculos indicou o norte para os dois fins.
Maquiavel em uma única obra ensina a conquistar ou manter posições sociais diferentes. E com um brilhantismo que dobrou séculos indicou o norte para os dois fins.
Ele ensinou aos que governam de que “modo se estabelece a tirania, ao mesmo tempo que mostrou ao povo os meios para dela se defender”.
Mais de quinhentos anos depois nada é tão atual. Governantes e governados lutam; para de um lado manter um status e do outro para modificá-lo.
Embora ele diga que há dois modos de se combater: um com as leis; o outro, com a força. As leis, em sua definição, são próprias do ser humano; e a força, dos animais.
Portanto, o caos que surge na insatisfação popular e culmina em selvageria e na consequente repressão policial tem origem animalesca, tem origem na irracionalidade.
Nós – homens e mulheres –, que ora somos povo, ora somos governantes vamos deixar
para trás as leis que deveriam nos assegurar e vamos dar alimento a nossa força animal?
Veiculado na Rádio nacional: http://radioagencianacional.ebc.com.br/geral/audio/2017-05/historia-hoje-nascia-ha-548-anos-maquiavel-o-filosofo-que-ensinou-governantes
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