quarta-feira, 3 de maio de 2017

MENTES SELVAGENS

Por Patrícia Leite

Quando você tiver de fazer algum mal a alguém, faça-o todo de uma só vez. A dor será intensa, mas apenas uma. Já o bem, faça-o em parcelas. O favorecido ficará alegre e grato a você várias vezes”.


























Há 548 anos, o mundo recebia de braços abertos e veria crescer e se desenvolver o pensamento maquiavélico.

Niccolò di Bernardo dei Machiavelli este é o nome de batismo de Nicolau Maquiavel – escritor e político italiano que nasceu no dia 3 de maio de 1469, em Florença, e que desempenhou várias missões diplomáticas.

Em 1513, numa conspiração para eliminar o cardeal Giovanni de Médici, foi preso e torturado. Este episódio de sua vida culminou em seu exílio nos arredores de Florençaonde se dedicou a escrita.

Neste período, Maquiável escreveu O Príncipe. Um título, aparentemente romântico, para uma espécie de manual sobre a arte de governar.

A obra – que nasce de suas experiências diplomáticas –, revela que é necessário ser príncipe, ou seja governante, para conhecer perfeitamente a natureza do povo. Mas também é preciso pertencer ao povo para conhecer a natureza dos príncipes.

Em tempos modernos, é o mesmo que dizer que é preciso conhecer a natureza dos que estão no comando político e a natureza do povo para quem se governa.

A expressão maquiavélico foi cunhada para descrever uma forma de pensar. Qualquer dicionário que se preze descreverá o termo como: ardiloso, pessoa que não se importa como vai atingir seus objetivos.

Em outras palavras “Os fins justificam os meios”. De fato, esta é uma frase atribuída a Maquiavel, por séculos, e que significa dizer que os governantes e outros poderes devem estar acima da ética e moral dominante para alcançar seus objetivos ou realizar seus planos.

Mas será? Embora a expressão não seja encontrada no texto original de O Príncipe, tornou-se uma interpretação tradicional do pensamento maquiavélico.

Mas Maquiavel também defende em sua obra que todos, em princípio, devem honrar a palavra dada. Contudo, ele relata que aqueles que não mantiveram a palavra empenhada tiveram mais êxito.

Maquiavel em uma única obra ensina a conquistar ou manter posições sociais diferentes. E com um brilhantismo que dobrou séculos indicou o norte para os dois fins.

Ele ensinou aos que governam de que “modo se estabelece a tirania, ao mesmo tempo que mostrou ao povo os meios para dela se defender”.

Mais de quinhentos anos depois nada é tão atual. Governantes e governados lutam; para de um lado manter um status e do outro para modificá-lo.

Estudos recentes sobre Maquiavel e sua obra admitem que seu pensamento foi historicamente mal interpretado.
Embora ele diga que há dois modos de se combater: um com as leis; o outro, com a força. As leis, em sua definição, são próprias do ser humano; e a força, dos animais.

Portanto, o caos que surge na insatisfação popular e culmina em selvageria e na consequente repressão policial tem origem animalesca, tem origem na irracionalidade.

O filósofo, historiador, poeta e músico Nicolau Maquiavel morreu em Florença, na Itália, em 21 de junho de 1527. E deixou uma pergunta para humanidade.


Nós – homens e mulheres –, que ora somos povo, ora somos governantes vamos deixar
para trás as leis que deveriam nos assegurar e vamos dar alimento a nossa força animal?


Veiculado na Rádio nacional: http://radioagencianacional.ebc.com.br/geral/audio/2017-05/historia-hoje-nascia-ha-548-anos-maquiavel-o-filosofo-que-ensinou-governantes

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