quarta-feira, 21 de abril de 2021

Vicinais & ressignificações

Por Patrícia Leite - [21.4.2021]

AUTOR DESCONHECIDO




“O modo como aplicamos nossa atenção determina o que vemos” – [Anne Treisman].

Quando li essa Frase de Anne Treisman, hoje de manhã –  não sem precisar bem a hora, porque gastei largo tempo com essa frase girando dentro de mim –, fiquei pensando nas muitas vezes que entrei numa jornada hercúlea para dar novo significado as coisas, as pessoas, as vivências e em especial as dores e as histórias ruins.

Também somou-se a esse turbilhão de pensamentos as diversas vezes que disse a Priscila, minha filha caçula, que não se chega há outros lugares e a novas experiências fazendo os mesmos percursos. 

No fundo, no fundo, não digo isso só para ela. Digo constantemente essa frase para todas as pessoas que – em alguma medida –,  fazem parte da minha vida. 

Sigo meus dias experimentando essa máxima... O meu destino pode até estar rascunhado. Mas, no centro do meu mapa mental, visito diversas outras rotas e constato que muitas são as possibilidades de caminhos novos a percorrer. Gostaria que os que eu amo pudessem e quisessem fazer o mesmo. Correr por rodovias marginais... Percorrer diversas calçadas...

Do pouco que sei e do muito que vi, até aqui, concluí que caminhos diferentes nos levam sempre  a novas vivências. 

E cada vez que traçamos uma nova rota provamos de um tudo pela "primeira vez": Outras cores, outros gostos, outros perfumes, outras “temperaturas”... Primeiros encontros...

Ah! Como são doces as paixões dos primeiros... Do primeiro olhar, do primeiro abraço, do primeiro beijo, do primeiro passo, do primeiro amor, da primeira viagem... Da primeira grande peregrinação...

Mas o que dizer sobre a repetição do caminho?? As segundas incursões... as terceiras... as quartas... 

O que descobrir, descortinar e inovar sempre que tiver que refazer as mesmas estradas??

Penso que a resposta é apurar o olhar, mudar o foco, enxergar detalhes... Às vezes, é só uma questão de parar para perceber as somas... É algo como perceber o produto de dois ou mais elementos que modificam o todo.

Somar pode ser, em alguns instantes, apenas um lugar simbólico, um exercício. Algo como olhar demoradamente, no meio do cerrado, um fruto amarelo, por trás de uma folhagem que lhe faz sombra... Esse conjunto – folha e fruto –, por exemplo, me faz lembrar das cores da bandeira de meu país, das nossas matas, das nossas riquezas, das nossas lutas e das nossas esperanças... Não importa onde eu esteja no GLOBO. Carrego meus símbolos. É como estar em casa.

Em outras ocasiões, penso em um certo número de coisas e ou situações que se somam e pulam de um resultado para o outro de forma tão veloz que enxergo multiplicações. De posse desses resultados extraordinários eu os divido com meus amigos, meus amores. Dessa forma, olhando por esse prisma, quando estou seguindo por um trecho “acidentado” do caminho, alimento sonhos e diminuo minhas angústias, minhas tristezas...

Chamo a tudo isso de matemática em estado puro, poético. São composições – músicas da natureza em harmonia –, resultado da soma dos meus pensamentos, dos devaneios dele, com os caraterísticos sons das nossas botas sobre as pedras do caminho e que se somam com o compasso dos nossos cajados e que multiplicam-se no silêncio das vozes humanas, promovendo a percussão necessária para dar ritmo visceral aos nossos corações e as notas inconfundíveis dos cantos dos pássaros... De repente, tudo é cadência, métrica. De repente, tudo faz sentido.

Sabe aquela rua que você tem que passar por ela todos os dias??  Ou aquele vaga que você tem que "estacionar" todas as noites?? Ou  mesmo aquela soleira de porta que você tem que cruzar diuturnamente?? Ou aquele capacho em que você se descalça, todas as noites, antes de chegar em casa?? Sabe?? 

Seriam todos  esses roteiros as mesmas estradas vicinais de sempre?? Será? Seria mesmo uma repetição diária de um rumo que se repete dia após dia?? Será que sempre repetimos um certo caminhar mecânico para os mesmos destinos??

Não!! Definitivamente, não!! Porque novos caminhos não são exatamente um outro trecho a ser percorrido ou outros endereços pelos quais decidimos seguir para chegar em algum lugar em que devemos estar diariamente... 

Novos caminhos são prioritariamente uma forma diferente de olhar o mesmo percurso... E de enxergar por um outro ângulo ou sob uma nova perspectiva a mesma estrada ou a chegada em um mesmo velho e familiar endereço. É a diferença entre SER pessimista e otimista.

Às vezes, inverter... Se colocar na contramão... "Avessar" o sentido original pode trazer um NOVO resultado, uma mudança total, substancial... De si e dos outros.

Uma “leitura” diferente da mensagem e sobretudo um olhar mais alto astral, mais gentil e singular, pode lançar luz sobre essa louca e inusitada estrada que é a VIDA e lhe proporcionar dimensões e significados inimagináveis. 

Quem decidiu ser feliz vê, sente e ouve diferente de todos os outros que decidiram seguir outra jornada. 

Eu ouço música no vento, vejo no branco a soma das cores, sinto a luz varrendo a escuridão, sinto sabor na experiência, toco o invisível. E você? Qual via escolheu pra sua jornada??


*Esse texto é para o meu neto RAVI que nasceu para ser LUZ e escolheu ser SOL na vida das pessoas.



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