quarta-feira, 15 de setembro de 2021

BRANCO NOS PRETOS











Não foi uma formalização tradicional. Aconteceu e não nos representaria mais se fosse de outra forma. 

De repente, deitamos os olhos em um par de anéis brancos, feitos com ossos de baleia, por uma Índia Pataxó, batizada com o nome de Anauê — Uma saudação afetiva que em Tupi quer dizer: “você é meu irmão” —, mas que segundo ela o seu nome tem um significado mais profundo e quer dizer CARINHO. 

Não precisamos de palavras… Apenas nos olhamos. Essa seria a nossa aliança, a expressão do nosso amor esculpido no carinho de minha origem indígena e com a força da nossa linguagem. Pura poesia.

Foi assim que resolvemos subir até o centro histórico de Santa Cruz de Cabrália, ponto mirante de onde se pode avistar onde aportaram as caravelas de Cabral. 

Chegamos de mãos dadas, anéis nos dedos.

Israel Viola, negro ancestral, historiador por formação e guia por vocação vem ao nosso encontro. Nada previamente combinado ou estabelecido. Acaso? Destino? Coincidência?

Não acredito em acasos. Nossos mentores já estavam todos ali reunidos. Os ancestrais de meu Preto inclusive.

Guiados pelos sons harmônicos de Viola, conduzidos por suas palavras de saudações e bençãos o invisível aos olhos e suas energias nos uniu, sob uma frondosa árvore tricentenária, que os negros denominaram umbanda e que os brancos a chamam de gameleira, selamos o nosso compromisso de seguir juntos. Assim somos. Negros forros, caciques e pagés de nosso próprio amor. 

O mar, a quebra das ondas, o vento e os pássaros foram a nossa trilha sonora. Playlist única e irreproduzível. Apresentação única. Linda… Mágica.

Embarcados nesse barco espiritual, levantamos âncora… Juntos. Velas ao vento rumo ao desconhecido, nessa louca nau chamada vida… Enlaçados nessa aventura chamada AMOR, envoltos na alegria de estarmos vivos juntos e agora com as bênçãos do GRANDE PAI. 

Odoiá MINHA MÃE… QUE ASSIM SEJA!!


#patricialeite #famílialeite #casamento #velejar #mar #férias

#aliança #amor #fé #diafeliz #Odoiá 

quarta-feira, 8 de setembro de 2021

SOSSEGO










Ando devagar, bem devagarinho, porque tenho muito para ver, porque amo detalhes...

Ando devagar, porque em muitos momentos preciso de pausas, de compassos suspensos de pequenas ausências de ar: contratempos positivos da respiração. 


Ando devagar e ofegante de alegria, em momentos repletos de êxtases e me permito viver nos intervalos do corre-corre. 


Ando devagar e nesse semi-tempo de ir, vez por outra, apenas me sento sobre a areia ainda morna do dia ou me deito sob as estrelas das noites de lua cheia e me lembro de que a única pressa que devo ter é a pressa de ser feliz. 


Ando devagar porque essa pressa de ser feliz requer um certo caminhar "vagaroso", próprio de quem quer reter minúcias. 


Ando devagar, olho e observo e na retina prendo imagens que a máquina fotográfica não foi capaz de captar. Cenas que a memória precavida manda guardar e assegurar em um lugar especial dos arquivos cofres da lembrança.


Ando devagar e vejo beleza no rastro, nas conchas partidas, nos pedaços…


Ando devagar e me vejo na força das águas, na rajada do vento, no furo das pedras…


Sim, eu ando devagar…E me vejo…E vejo você me olhando, me cuidando…Sorrindo… Ando devagar me exibindo pra você.