segunda-feira, 24 de abril de 2017

UPA CAVALINHO

Por Patrícia Leite


Em 24 de Abril, de 1184 antes de Cristo, gregos entraram na cidade de Troia dentro de um gigante Cavalo de madeira.

Numa luta de gregos e troianos // Por Helena, a mulher de Menelau // Conta a história de um cavalo de pau // Terminava uma guerra de dez anos // Menelau, o maior dos espartanos // Venceu Páris, o grande sedutor // Humilhando a família de Heitor
Em defesa da honra caprichosa” // 

Um exército invadir uma cidade dentro de um cavalinho de pau?? Muitas crianças cresceram ouvindo esta história. O cinema reproduziu o tema diversas vezes. Mas
afinal de contas, a Guerra de Troia aconteceu ou não passa de mais um mito?

Até o verão mediterrâneo de 1873, mais precisamente no dia 14 de junho, o mundo pensava que essa história era apenas mais um dos muitos mitos criados pelos contadores de contos, da Grécia antiga.

Mas o arqueólogo alemão, Heinrich Schliemann descortinou a verdade ao encontrar em suas escavações 8.700 artefatos intactos, isso sem colocar na conta outros 16 mil que precisariam ser identificados por terem sido destruídos durante a invasão.

Com a descoberta, estava mapeado definitivamente o local exato do combate. Os historiadores passaram a reconhecer, a partir de então, que a guerra de Troia realmente aconteceu e que, de fato, a cidade havia sido queimada cerca de 1300 a 1200 anos antes de Cristo.

Contudo, apesar de reconhecerem que a guerra foi real, removeram todo o encantamento que envolve a história e defendem que o mais provável é que a luta tenha sido ocasionada por rotas de comércio e não por amor.

Segundo a obra Ilíada, do poeta Homero, a guerra aconteceu porque o príncipe Páris – filho do rei Príamo raptou a rainha Helena esposa do rei Menelau.

Páris havia recebido de Afrodite – que na antiga religião grega era a grande deusa do amor, da beleza e da sexualidade – a promessa de ter Helena de Troia, a mulher mais bonita do mundo. O rapto deixou Menelau enfurecido.

A guerra terminou
quando Odisseu planejou a entrada em Troia. Sua ideia foi simples quase infantil, presentear os troianos com um grande cavalo de madeira. Disseram aos inimigos que estavam desistindo da guerra e que o cavalo era um presente de paz. Os troianos aceitaram o presente e o levaram para dentro de seus muros. Após uma noite de festejos a vitória, os troianos caíram no sono.
Enquanto dormiam profundamente, absolutamente exaustos, centenas de soldados gregos saíram do cavalo de madeira e abriram as portas da cidade para que outras centenas de soldados entrassem e destruíssem Troia.
A Guerra durou aproximadamente 10 anos e inúmeros soldados foram mortos, entre eles os heróis gregos Heitor e Aquiles morto após ser atingido no calcanhar – seu ponto fraco. Mas a fraqueza de Aquiles já é uma outra história que vamos deixar para outro dia.



quarta-feira, 19 de abril de 2017

TERRITÓRIOS ANCESTRAIS

Por Patrícia Leite



Eles caçavam, pescavam e garantiam a sobrevivência com o que viesse da natureza. Corriam livres e sem roupa e não sabiam o que era sentir vergonha da própria nudez. 

Também tinham o dom de entoar conversas em uma língua que mais parecia um canto. 
E sempre seguiram rituais e brincadeiras quase infantis.

Curiosamente faziam cerimônias de consultas aos animais da floresta e aos seus antepassados. Conversavam longamente com os chamados velhos espíritos e diziam ser intuídos por essa gente que já partiu.

E assim traziam do mundo “sobrenatural”, do mundo de lá, segredos, novos ritos e remédios. Praticavam suas curas com ervas, talos, folhas... Uma verdadeira pajelança. 

E pra quem quem não sabe o que é isso, faço uma pausa nessa prosa e explico: pajelança é um ritual de cura realizado pelo líder espiritual e curandeiro da aldeia.

Quem eram eles? Eles eram, para simplificar a conversa, um povo feliz com suas características e tradições. Mas um povo que foi forçado a “embranquecer...”

E quem é essa gente de quem falo? Nativos? Aborígenes? Indígenas? Qualquer uma dessas palavras os aprisiona, lhes tira o bem maior... Porque liberdade é sempre o nosso maior bem.

A expressão aborígenes, nativos, ou índios, por definição, é a forma com que fazemos referência às populações que vivem numa determinada área antes da sua colonização ou, ainda, uma forma de nos referirmos a um povo que, após a colonização, não se identifica com o povo que os coloniza.

Desta forma, povo indígena, ao pé da letra, no sentido literal quer dizer "originário de determinado país, região ou localidade. 

E apenas isso? Uma definição que não os define!? Depois de colonizados que direitos têm os índios? Como garantir que sua língua e seus costumes não desapareçam?

Com essas questões em mente, em 1940, foi realizado, no México, o I Congresso Indigenista, onde foram discutidos temas referentes à qualidade de vida dos índios. 

E, para dizer o mínimo, isso balançou com a cabeça de muitos governantes.

Três anos depois, no Brasil, Getúlio Vargas, que era o presidente do país na época, decretou que em todo dia 19 de abril seria comemorado o dia do Índio. E isso demarcaria uma nova forma de ver, pensar e tratar as questões que iriam garantir aos índios suas terras, sua cultura e suas tradições.

Setenta e quatro anos depois, os indígenas ainda lutam para assegurar às gerações futuras seus territórios ancestrais e sua identidade étnica e cultural. Lutam para que seu povo não desapareça e para que o dia 19 de abril não seja apenas uma data em sua homenagem.

Veiculado na Radio Nacional: http://radioagencianacional.ebc.com.br/geral/audio/2017-04/historia-hoje-ha-74-anos-getulio-vargas-decretou-19-de-abril-como-o-dia-do-indio