Por Patrícia Leite
Os
primeiros encontros para debater a construção de uma ferrovia em
plena floresta Amazônica aconteceram
por volta de 1868. Mas
foi somente depois de firmado um tratado entre Brasil
e Bolívia, em 15 de maio de 1882,
que
foram abertas as primeiras picadas no meio da selva; para
colocação
dos
primeiros trilhos da
ferrovia
Madeira-Mamoré.
A
topografia,
os
inúmeros
perigos
da floresta e a dificuldade em
levar
máquinas e matéria-prima para
o coração da Amazônia transformaram
a
construção da ferrovia Madeira-Mamoré em
um
berçário macabro de lendas.
O
começo da
primavera de 1873, trazia para
a região a
beleza e o perfume de suas primeiras flores. Mas também enfeitavam
as
despedidas
e a saudades de centenas de famílias que
choravam seus mortos.
Uma
parte
expressiva
dos
mais de 20 mil trabalhadores, de cerca
de 50
nacionalidades diferentes foram
vítimas de doenças
tropicais. E não foi por acaso que os
366 quilômetros de
trilhos – que
ligariam
Porto
Velho a Guajará-Mirim
–,
ficariam
conhecidos
como
a “Ferrovia
da Morte”.
Foi
impossível segurar
a
boca do povo. Logo
o mito de que mesmo
que metade da população mundial e todo
o dinheiro do mundo fossem
investidos na
colocação dos
trilhos... Nada,
nem ninguém,
conseguiria
terminar a ferrovia.
Nesta
época, o “Diário
do Grão Pará”, em Belém, fortalecia
o discurso popular
de
que
os
que se atrevessem
a
subir
o
Madeira voltariam
"flagelados
pela
peste".
Para
contornar o problema, o
sanitarista Oswaldo
Cruz foi
contratado para
visitar o
canteiro de obras e levar
o saneamento básico
para
a região.
Ainda
assim, os
homens desertavam aos borbotões.
O
mito
virou
fato
e verdade,
por anos. E
toneladas
de equipamentos e materiais foram destruídos pela ação do tempo.
Mas
o
governo
brasileiro
queria
que o projeto fosse finalizado,
para poder
transportar
o
valorizadíssimo ouro branco
–
o látex
extraído
dos nossos seringais.
Durante 40 anos, as obras começaram e foram interrompidas por três
vezes. A estrada só
foi
finalizada pelo grupo do
empresário norte-americano Percival
Faquhar. A
ferrovia foi oficialmente
inaugurada
em 1º de agosto de 1912.
Em
2005, o Iphan – Instituto
do Patrimônio Histórico Artístico Nacional –,
tombou
parcialmente
a
Ferrovia
Madeira-Mamoré.
A estrada de ferro, as locomotivas e os galpões onde
funcionavam o museu e a antiga oficina da ferrovia estão
sendo revitalizados
pelos governos federal e municipal.
Até
hoje, há
lendas que dizem que os fantasmas dos trabalhadores mortos podem ser
vistos sentados nos trilhos.
Veiculado na Rádio Nacional: http://radioagencianacional.ebc.com.br/geral/audio/2017-05/historia-hoje-construcao-da-ferrovia-madeira-mamore-teve-inicio-ha-135-anos
Veiculado na Rádio Nacional: http://radioagencianacional.ebc.com.br/geral/audio/2017-05/historia-hoje-construcao-da-ferrovia-madeira-mamore-teve-inicio-ha-135-anos
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