quarta-feira, 11 de março de 2020

UM PONTO DE LUZ NA ESCURIDÃO

Por Patrícia Leite

Plim...Plim....  Ouço um som familiar e vejo a tela toda se iluminar. Podia ser um watts app qualquer chegando no meu celular. Mas não era. 
Havia um pedido especial naquele “bilhetinho virtual” que dizia o seguinte:  
“Amigos, por favor, vocês podem fazer uma cartinha para me ajudar? São cartas destinadas a mulheres portadoras de Esclerose Múltipla”.
Eu queria ajudar, mas gelei por dentro. Como posso ajudar alguém se não sei quase nada sobre o assunto. 
Do pouco que sei... é do meu conhecimento apenas que a Esclerose Múltipla (EM) é uma doença neurológica, crônica e autoimune.
Com minhas palavras, a EM é uma guerra travada diariamente pelas células de defesa do organismo. O alvo?? O próprio sistema nervoso central. 
Se pouco sei sobre a doença, como poderei ajudar? Pensei aflita e travei um diálogo silencioso com meus botões. 
Chá de calma em um momento de inquietação. 
Sentei num canto, cerrei os olhos e orei. Uma frase rondava o meu pensamento o tempo todo: unificar partes separadas. 
Sim... somos partes separadas de um todo. Festejei. 
Soube que recente estudo da ABEM estima que, atualmente, 35 mil brasileiros tenham Esclerose Múltipla. Será que posso fazer algo pelo menos por um? Escolhi você.
Então, você que está aí do outro lado lendo esse texto, perdão por saber tão pouco sobre a sua luta.
Sei que muitos são os medicamentos usados para diminuírem a sua fadiga intensa, a sua depressão, a sua fraqueza muscular, a sua alteração do equilíbrio e a sua alteração da coordenação motora, as suas dores articulares, as suas disfunções intestinais e as suas disfunções da bexiga ...
Vixe, Mainha! Pensei. Sou jornalista. Não entendo nada do misterioso mundo farmacêutico ou terapêutico… Mas entendo um pouco de gente, de dor, de afeto, de empatia, de amor. 
Entendo de olho no olho. Entendo de parar tudo para dizer que oro por você. E em minhas orações peço leveza para o seu dia e para a sua noite também. 
Você é uma força da natureza e quando penso nas suas batalhas , vejo beleza no enfrentamento, vejo vitória no seu esforço diário. Vejo esperanças e sorrisos. Os seus e os meus. 
Sim, a vida é mesmo um presente. É um mimo de Deus. E mesmo quando não sei o que dizer a você —, sei que te devo gratidão. 
Obrigada por parar a minha vida corrida, a minha eterna pressa e me frear e me fazer voltar e me fazer direcionar o meu olhar para você.
Obrigada por me fazer entender que Deus tem muitas moradas e que seus filhos são capazes de nos tocar a distância. 
Obrigada, você que me lê, por me dar essa oportunidade!
Sabe… Escrevo… Esse é o meu ofício. Adoro ler. Falo como uma matraca... mas também sei ouvir. Fala comigo! 
Se não sou o medicamento tradicional, quero ser a poesia que te cura, a música que te faz dançar. 
Então me deixe ser... Feche os olhos por um átimo. Depois, abra lentamente... 
Olhe em volta e ria da delícia de poder voar em pensamento para onde você desejar estar. 
Se você me permitir, serei as asas do teu desejo. Afinal, somos energia e como tal podemos estar em qualquer lugar. 
Esteja comigo. Ilumine a tela do meu celular, não para ser uma mensagem comum. Mas para falar de coisas que descortinam a razão do nosso existir. 
Que a minha escrita possa ser como um raio de sol em sua pele, como água fresca de cachoeira rolando sob e sobre seus pés... 
Quem sabe eu consiga ser como uma brisa em dia de calor. Mas desejo, sobretudo, que eu possa ser o veículo do amor de Deus em sua vida. Ele nos escolheu para termos essa conversa de hoje e, certamente, Ele tem um plano. Eu confio Nele. Confie Nele Também.
Bora?? Pega carona nesse convite! Vamos voar na cauda de um cometa e vamos brincar na Via Láctea e, de mão dadas, vamos ultrapassar todas as barreiras do egoísmo, do preconceito ou do medo do que é diferente. 
Parece maluquice? Talvez seja. Hoje, quero que saiba que você foi luz na minha escuridão. 
Então, ilumine-se cada dia mais, ilumine-me cada dia mais e mais. Juntos poderemos ser luz no breu, estrelas no céu, vagalumes na mata. 
Poderemos ser sempre mais e mais. Poderemos ser uma centelha da luz Divina. Um ponto de luz na escuridão.

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#ESCLEROSEMÚLTIPLA
#SOLIDARIEDADE
#LUZ
#ESCURIDÃO
#DEUS
#ORAÇÃO

terça-feira, 10 de março de 2020

DOIS ESPELHOS E UM COLAR


Por Patrícia Leite



A tarde já ia lá pelo meio, não tardaria muito e o lusco-fusco empurraria a porteira da fazenda para aboletar-se na varanda de Seu Quinzinho.

Apesar disso – da ligeireza do tempo, o sol parecia não se importar com o avançar do relógio e nos castigava. A temperatura era fatigante, para dizer o mínimo.

Estávamos extenuados, meu preto e eu, quando fomos recebidos por aquele sorriso largo do dono da casa.

Era para ser uma paradinha breve, um abraço e um dedo de prosa, pois tínhamos ainda cinco quilômetros do CAMINHO DE CORA para percorrer naquele dia.

Meus pés estavam me matando e, embora eu precisasse muito continuar, me seduzia a ideia de dar uma paradinha rápida para conhecer os personagens de “NO RASTRO DA POESIA, NO CAMINHO DE CORA”. Eu queria muito estar com eles.  

Há muito eu ouvia falar sobre eles e eles já me eram familiares, mas eu ainda não os conhecia pessoalmente.

E foi com esse querer me rondando o pensamento que eu fui chegando devagarinho, batendo palmas e gritando da porteira o tradicional:

Ô de casa!

Entramos assim que ouvimos:

— Ô de fora!

Cruzei, praticamente me arrastando, os poucos passos que separavam a porteira da varanda. Naquele dia, já tínhamos deixado para trás mais de vinte e três quilômetros e eu estava muito cansada.

Seu Quinzinho foi logo nos saudando:

Maranhão, que surpresa boa! Preto também se apressou em cumprimenta-lo. Em seguida, me apresentou:

Essa é Patrícia, minha namorada e também jornalista. Sorri, estendi a mão, encostei os bastões [cajados] de caminhada na parede, tirei a mochila das costas e esqueci os bons modos.

Mal cheguei e fui arrancando as botas e tirando as meias. Eu sentia dor, muita dor nos pés.

Me joguei no primeiro banco que vi e... quando eu digo “me joguei”, isso é absolutamente literal.

Para se ter uma ideia, há na varanda um banco de madeira largo e comprido, quase da largura de uma cama solteirão. Não me fiz de rogada. Depois de me descalçar, me deitei "de papo pro ar" e fechei os olhos. A única coisa que eu conseguia pensar era que o mundo podia se acabar... Eu não sairia dali por dinheiro nenhum.

Creuza, mulher de Seu Quinzinho, ofereceu-me um suco gelado e uma fruta-do-conde e tudo o que eu conseguia dizer era:

Por favor, água! Água, por favor!

Nem sei se foi Creuza que me entregou um copo de água gelada ou uma de suas filhas, a Renata ou a Roberta. Eu estava com dor, tonta, cansada e com muita sede. Nessa ordem. E foi nessa ordem que eu fui resolvendo minhas demandas.

Quando as coisas começaram a fazer um pouco de sentido pra mim, eu escutei a voz do meu Preto dizendo:

Preta, e então?

— Então, o quê? Respondi, sem ter a menor ideia de onde ele queria chegar com aquela pergunta. E ele, com uma paciência de Jó, disse:

— A gente almoça por aqui e segue até a Caiçara e dorme na Thaís ou fica por aqui pra dormir?

Você é quem sabe, meu Preto! Respondi tremendo por dentro.

No fundo, eu sabia que ele tinha de levar em conta o propósito derradeiro daquele trekking — tínhamos combinado de fazer parte dos trezentos quilômetros do CAMINHO DE CORA  cerca de cinquenta quilômetros [1/6 do percurso]. Assim poderíamos passar pela experiência da “peregrinação poética” e usar o conhecimento amealhado na estrada, na roda de conversa que iria acontecer em Pirenópolis, na noite do dia seguinte.

Em outras palavras, o plano – entre as muitas possibilidades que as longas caminhadas oferecem , era minimamente passar pela vivência do caminho, fazer descobertas, rever amigos, trocar experiências e saber o que mudou desde que ele tinha passado por ali fazendo as entrevistas e captando as imagens para o documentário...

Preto me lançou um olhar, sorriu e seguiu conversando com seu Quinzinho.

— Seu Quinzinho o senhor assistiu o meu documentário?

— Não, Maranhão. Não vi!

Enquanto isso, na cozinha, Renata, Roberta e Creuza se movimentavam para providenciar rapidamente um lanche. Café com pão de queijo.

Assim que chegamos, as meninas se ofereceram para prepararem um almoço. Mas, se eu almoçasse... aí é que eu não saia de lá de jeito nenhum.

Todavia, ponderei mentalmente, um almoço na roça, preparado num fogãozinho a lenha, era uma tentação extra que eu não conseguiria resistir.

Intimamente, Preto tinha certeza que mesmo já tendo passado um ano da primeira exibição do documentário, no programa Caminhos da Reportagem, da TV Brasil e mesmo depois de ele já ter sido reexibido, após ter conquistado o prêmio Braztoa de Sustentabilidade 2019/2020, na categoria "Mídia", seu Quinzinho e a família nunca tinham visto o resultado final do trabalho realizado. Preto queria que eles vissem.

Suspirei baixinho e, mesmo pensando nisso tudo, arrazoei:

— Não podemos desconsiderar, meu Preto, que você tem hora marcada para exibir seu documentário, em Pirenópolis, e ainda participar de uma palestra. Ficar aqui hoje significa ter que andar quase trinta quilômetros amanhã, chegar cansado e indisposto.

Meus pés que, diga-se de passagem, tinham vida própria, gritavam:

— “Tá louca!! Diz logo que vamos ficar aqui no Quinzinho. Eu não dou mais nem um passo hoje”.

Olhei para os meus pés cheios de bolhas, olhei pro meu Preto com um olhar de súplica e embora ele estivesse igualmente com um ar abatido, estivesse com os ombros doloridos do peso da mochila e o peso extra do enorme compromisso do dia seguinte, ele não se queixava de nada e depositou a decisão de ir ou ficar nas minhas mãos. Mais tarde meus pés decidiram por nós.

Vez ou outra ele me lançava um olhar aguardando minha resposta, e enquanto eu não respondia, ele seguia conduzindo uma conversa informal e animada.

— Seu Quinzinho, eu trouxe o documentário em um pen drive pra mostrar pra vocês, disse ele com uma alegria de menino na voz. Tem uma hora de duração...

Fez uma cara de quem fazia mentalmente alguns cálculos.
Certamente somou o quanto tínhamos de percorrer com o tempo que restava de sol, mais o tempo do documentário...



De repente, ainda olhando para os meus pés, eu disse:

— Vamos assistir, vamos ficar, vamos almoçar, vamos pousar aqui!
Levantei os olhos em tempo de flagrar uma ruga de preocupação se dissolvendo na testa do Preto. Ele também queria ficar.

Seu Quinzinho deixou vazar um grande sorriso...

O sol logo iria se esconder atrás da serra. Preto e eu precisávamos tomar um banho antes de escurecer e a água para o banho a céu aberto ficava há alguns metros da casa. Mas esse não era exatamente um problema. A questão é que ele tinha esquecido o chinelo e nós tínhamos de seguir por uma trilha mateira, cheia de pedrinhas e espinhos.

Num esforço sobrenatural, reunimos as nossas últimas gotas de energia para irmos tomar banho na bica.

Nesse instante, Creuza olhou para os pés descalços do meu Preto e ofereceu um chinelo. Ele de pronto aceitou. Subimos a trilha calados, lado a lado. Ele foi o primeiro a entrar e todo animado disse:

— Vem, Pretinha!

Eu fui. Mas nem preciso dizer que fiz um escândalo debaixo daquele jorro d’água. Quem me conhece sabe que eu detesto água fria.

Todavia, deixo aqui uma confissão. Depois que me vesti, achei que aquele banho foi a melhor coisa que podia ter me acontecido.

A água gelada me tirou a dor dos pés e a dor do corpo imediatamente. Foi uma massagem gélida. Um banho terapêutico. Como diz o povo da roça: um banho desses é o mesmo que tirar a dor com as mãos. E foi.

À noite, caímos num converseiro danado, depois do jantar, que aliás faço questão de registrar, foi mais que um jantar. Foi um manjar dos Deuses, com aromas e sabores que vou carregar pra sempre nas minhas memórias “afetivo-gastronômicas” mais intensas e que deixaria qualquer chefe de cozinha boquiaberto.

Os pratos tinham o gosto das riquezas da roça: simplicidade e zelo temperavam um cardápio farto: costelinha de porco, frango caipira, arroz branco, feijão, verduras frescas... Hummm!! Dá água na boca só de lembrar.

Foi um momento mágico. Conversa boa e culinária afetiva apimentando a vida.... Uma delícia!

O fogo ainda crepitava sob as panelas e o fogão a lenha aquecia agradavelmente os ânimos quando, entre uma conversa fiada, um naco de doce de leite e um gole de café, seu Quinzinho que queria ir na bica tomar um banho , gritou de fora da casa:

— Creuza, cadê meu chinelo? E ela, de dentro da cozinha, respondeu numa ligeireza que só vendo:

— Tá no pé do Preto de Pat! Quase emendando uma palavra na outra. Quase um trava-línguas. Foi uma gargalhada só.

Um tom de familiaridade e aconchego se juntou ao cheiro de fumaça de madeira seca queimando. Era o riso adoçando o fim do dia. Estávamos misturados. Não éramos mais estranhos, nem visitas, éramos amigos.

Preto que chegou na cidade como documentarista premiado e que era esperado com pompas, despiu-se de todo o aparato solene e do glamour. Num piscar de olhos ele era apenas o moleque traquina e sapeca dos tempos da Madre de Deus, do seu saudoso Maranhão.

Em benefício da verdade, ele criou propositalmente essa intimidade e invocou o Nuca [seu apelido de menino] que ainda o habita, quando começou uma história que quase fez Creuza acreditar que ele tinha conseguido negociar com o Cacique de minha tribo o que ele diz ter sido o melhor dos seus escambos.

Contou uma longa trama que envolvia um grande acordo comercial entre negros e índios e disse a todos que trocou dois espelhos e um colar por mim.  



Creuza acreditou em tudo o que ele disse até que eu revelei que toda aquela história não passava de uma grande brincadeira.

Sim, sou descendente de índios e ele de negros e, de acordo com meu Preto, sou também o templo sagrado para onde ele leva e deposita a melhor de suas ofertas, o melhor de si: “sou sua poesia, sua arte de viver e amar”.
E eu acredito. Ele me faz acreditar e, de repente, sou mais que conto ou lenda.

Sou as pérolas de um terço, sou altar imaginário dos poetas, sou templo, pois que a arte de viver um amor verdadeiro é catedral, é matriz, é também relicário e reino, onde ora sou a mãe terra, ora sou céu.

Todavia, o que quer que eu seja, ou onde quer que eu esteja, serei sempre enfeite e reflexo...Serei sempre Colares... Espelhos... Poeta, poema e poesia...Ou, nas palavras de Creuza, serei sempre riso e saudades...


Foto: Maranhão Viegas

*No sofá estão sentados Seu Quinzinho, Roberta e o Joaquim [neto de seu Quinzinho e filho de Roberta]. 
*Do lado de fora está Renata. 
* Na cadeira ao lado da porta está Creuza.
Todos assistindo o Documentário “NO RASTRO DA POESIA, NO CAMINHO DE CORA”


quarta-feira, 4 de março de 2020

NA MINHA PELE

Por Patrícia Leite




Os passos são lentos e os dias passam quentes e ensolarados. Aqui e acolá um olhar cuidadoso registra o novo.

Por sobre os ombros vejo o passado, os sonhos. As lágrimas ficaram para ontem.

Da varanda vejo a cidade se ascender. Há música rodopiando no ar.

Ao longe, ouço o som da rolha sendo removida da garrafa. Na taça escorrem lágrimas de prazer. A dor ficou pra ontem.

Um beijo afogueado aquece o corpo, a alma e remove segredos.

Tudo é silêncio e promessas...Cerro as pálpebras para depois abri-las lentamente.

Seus olhos negros me alcançam e lambem a minha pele. De repente êxtase.

As luzes vão se apagando. Somos um, lado a lado, flertando com o perigo.... Correndo a beira do abismo, se entregando.

É essa a coragem que nos move. Essa é a nossa poesia.

Tim.…Tim...

terça-feira, 3 de março de 2020

A descabelada (La Chascona)


Por Patrícia Leite




Por aqui, os dias terminam tarde. O sol, com preguiça de ir se deitar, reluta, não deixa o dia amornar.

O astro rei, se veste de vinho, antes de ir, "ROJO" - como dizem por aqui. E eu que não gosto de vermelho, me entrego. É lindo. O sol percebe.  Danado como criança sapeca incendeia a cordilheira e parece sorrir da forma como escorrega pela encosta. Um tobogã natural. Tudo nos convida a brincar. O fogo de seus raios, parecem cabelos e sua luz lambe os ANDES pelo máximo de tempo que pode e tudo isso me aquece, penso enquanto admiro todo aquele rubro incandescente.

[···] Fecho os olhos... Me vejo em um turbilhão.

De repente, sinto uma respiração cadenciada em minha nuca.

E aquele hálito familiar me envolve, se enrosca em mim, em minha pele e aí já não sei mais dizer se é o pôr do sol ou o toque encarnado daquela boca em meus ombros nus que me faz voar.

Fecho os olhos e escuto o mar de Isla Negra batendo escandaloso nas pedras.




A cama posicionada a contravento revela a proa do barco. E eu sou a capitã.

Por segundos, do alto da amurada, com os cabelos assanhados sou " La Chascona" de meu Neruda Personale", como gostamos de brincar.





De repente, somos pipa... De repente, voamos nas asas das borboletas, nas fumaças dos cachimbos, no vento que tremula a bandeira, no arco-íris que risca a ventana da casa de Pablo.

Somos relicário e a casa vira céu.

Os anjos pendem do teto e nos olham. Revisito o passado... Olho para o futuro... Tomo o leme e mudo a rota do destino.

O improvável acontece... Estamos juntos no mesmo barco, no vendaval e na calmaria. Abro os olhos... Retorno daquela NAU em teus braços. Cansada, feliz e solta.



Livre corro sobre um barbante que me leva ao seguro voo do papagaio.

A poesia está mesmo na brisa, está igualmente nas ventanias... A poesia está em nós.

Súbito me dou conta...É real.