sexta-feira, 31 de dezembro de 2021

O SOL

Por Patrícia Leite















Veio para secar  águas… 

Turvas na visão de dias pandêmicos, de tempestades tropicais nas vicinais…

Luz que ilumina dias cinzentos… 

Luz… Nas vacinas…à LUZ da ciência…

O SOL… 

Veio trazer sal a pele, águas de dentro pra fora…suor…

O sol veio… 

Enxugou as nuvens negras… do céu e da alma de nossas gentes… 

O sol enxugou o ano 2021 e se escondeu vez ou outra entre as palhas para te dar sombra… brisa fresca…

O sol… veio pra brilhar em nós e colorir a carne de um vermelho vivo… Paixão… 

Águas da carne… céu azul… você e eu… SOMOS SOL em dias de ÁGUAS.

terça-feira, 16 de novembro de 2021

AMOR POR TRANSFERÊNCIA ELETRÔNICA

Por Patrícia Leite 
[16.11.2021]



 

Tenho um amigo que escreve contos eróticos. “Não são pornográficos” – destaca ele de forma respeitosa e elegante, sempre que toca no assunto.

 

Há meses, ele busca um pseudônimo para poder avançar, um pequeno passo que seja, rumo às suas primeiras publicações.

 

Ele é categórico quando diz que jamais vai assinar um de seus contos com o seu nome de batismo. E eu respeito.

 

Não por acaso, para preservá-lo, para manter sua identidade em segredo, a partir de agora, vou chamá-lo apenas de Eros – que de acordo com a mitologia grega –, quer dizer o deus do amor e do erotismo.

 

[...]

 

Mas voltemos ao ponto de partida... Voltemos ao dilema de Eros... Publicar ou não os contos eróticos, eis a questão??

 

[...]

 

Eros confessou que ainda não se sente pronto... Percebo que sempre que possível, ele fica com a cabeça para fora da trincheira procurando a hora certa para avançar.

 

Polidamente, na mensagem de hoje, ele voltou a falar de seus medos. Eu, por minha vez, voltei a insistir.

 

– Publique, homem!!

 

Eros está sempre com uma parte de si camuflada para que o “inimigo” não o perceba saindo do seu entrincheiramento, mas está sempre encurralado entre não mostrar seus contos e a vontade de ter uma opinião sobre o que escreve.

 

Nunca li nenhum de seus textos, até a manhã de hoje. Ele não publica, não os lê em voz alta, não revela nada. Mas sonda as possibilidades. E isso, por si só, já é um bom começo.

 

Esta tarde, Eros me mandou uma mensagem perguntando se eu tinha publicado alguma nova crônica recentemente.

 

Respondi que ando sem tempo, mas franqueei – por julgar que o conteúdo segue atual –, uma crônica de 2013 que eu havia republicado há alguns dias, em um site parceiro.

 

Ao meu ver, ninguém deve deixar um leitor com sede de texto. Não é mesmo?? No fundo, entretanto, acho que fiquei mesmo foi com vergonha por não ter nada novo para oferecer ao meu amigo e por isso enviei um “velho” texto.

 

De certo, posso afirmar que em detrimento da satisfação provocada pela publicação de uma nova produção textual o conteúdo de AQUARELA segue impregnado de verdades atuais e para Eros ele era um texto novo.

 

Um velho-novo ou novo-velho texto que segue me eviscerando, expondo feridas.

 

Por outro lado, preciso fazer uma confissão... Velhos escritos seguem querendo pular para novos textos porque ainda não queimei toda a pólvora. Ainda há tiros para serem disparados sobre temas recorrentes.

 

Isso posto, o fato é que eu não sei dizer ao certo se ando mesmo sem tempo para escrever ou se tenho priorizado pouco o que de fato me faz feliz.

 

[...]

 

Levei um largo tempo pensando sobre isso hoje...Mas...Isso é munição  para outra “contação” de história.

 

[...]

 

De volta as mensagens com meu amigo...

 

Trocamos meia dúzia de palavras, Eros e eu, e num extremado ato de coragem ele me mandou um conto em fase de elaboração e que, na opinião dele, ainda há muito o que mexer.

 

Na minha visão, o texto caminha bem... Anda sozinho, com as próprias pernas, já tem corpo, tronco, membros...

 

Se meu amigo Eros se dedicar um pouco mais o pequeno conto pode ser elevado a “categoria de primeiro capítulo”, rapidamente.

 

 

Em outras palavras, o conto tem DNA para ser livro!! Exclamei isso em voz alta para mim mesma, depois que o li. Mas como ele ainda está dando tratos à bola e disse que o final ainda não foi totalmente concebido,  escrevi apenas: 

 

– Eros,  na minha modesta opinião, o encerramento é o que faz o texto grande ou mediano.  E, por pensar assim, me preocupo tanto com as finalizações. Quando um leitor destaca do meu texto um trecho do encerramento pra mim é a glória, porque me deixa na boca ‘um doce sabor de acertei’.  

Todavia, os textos não andam sozinhos. Se forem jogados desleixadamente uns sobre os outros, apenas ocupando as gavetas abarrotadas do pensamento, não são textos. São apenas sinapses, um impulso e nada mais.

 

[...]

 

Depois de emitir uma síntese da minha opinião, voltei meus dilemas para as perguntas recorrentes que diariamente são formuladas por vários leitores e amigos.

 

 – “O que te inspira?”,  “Como nascem os seus textos?”,  “Quanto tempo você leva para escrever suas crônicas?” “E isso???”, “ E aquilo??” E...E... Mentalmente elaboro respostas.

 

[...]

 

Sei lá... Penso de chofre. Tudo me inspira, acho eu.

 

Me inspira, por exemplo... Amigos fazendo perguntas, intermináveis conversas com meus amores, longas caminhadas, problemas, soluções, dúvidas eternas, certezas temporárias...

 

De repente, dedos correndo enlouquecidos no teclado juntam trechos de pensamentos escritos com batom em guardanapos, risada de crianças, telefonemas inesperados, passarinhos cantando, chuva caindo, cheiro de terra molhada, declarações de AMOR POR PIX...

 

Tudo isso junto e misturado e, vez por outra, cada elemento em seu quadrado me inspira.

 

Não existe a hora certa, medo ou coragem... Não existe o papel certo, a caneta de pena ideal, a cor da tinta predileta [gosto da verde, como Pablo Neruda],  mas uso vermelha, azul ou várias cores ao mesmo tempo...

 

Não importa se a impressora é colorida ou se só imprime em P&B , o MEIO nunca é apenas o MEIO... É sempre parte integrante da mensagem...Mas isso não sou eu que digo... Não é uma formulação minha. Não cunhei essa maravilhosa frase. O mérito é do filósofo canadense Marshall McLuhan. Ele já dizia isso dois anos antes de eu nascer. E ele estava certo.

 

 

Como escrever? O que escrever? Para quem escrever? Por que escrever??

 

[...]

 

Escrevo porque sou fã do que as palavras são capazes de expressar e reter graficamente...

 

Poderia apenas falar ao vento e deixá-las fluir e ser ou não capturada por alguém que as ouvisse.

 

O que é importante no processo? Importante é somar o que eu pretendi dizer com a bagagem de cada leitor. Sua mala pessoal de experiências lançam significado e relevância ao que se pretendeu dizer inicialmente... E isso é mágico... É alquimia sofisticada... Uma pitada ordenada de palavras dando contornos às histórias pessoais de outras vidas.

 

Assim sendo, Eros, meu caro amigo-escritor,  o importante é se lançar no vazio , sem rede de proteção e esperar que as suas frases, palavra por palavra, sejam amparadas por olhos ávidos a correr suas linhas. Se te provoca arrepios, eriça os pelos...Se lance! Escreva! publique!

 

Os dias têm sido difíceis e que bom que ainda há gente com tesão produzindo contos eróticos, poesia contemporânea, prosa-poética e tudo o mais que a viva língua possa despertar de bom na nossa carne.

 

Escrever é desassossegar... E sossego pra que?? Sou uma descumpre regras. A mais legítima das transgressoras.

 

Hoje mesmo, fiz um “PIX DE AMOR”. Usei o mais antigo e tradicional banco brasileiro para subverter a suposta ordem natural das coisas. No comprovante de depósito você poderá conferir o “valor” desse investimento.

 

 Eu te amo e estarei sempre pronta para o que você precisar, disse eu ao fiel depositário do meu melhor!

 

Sim, estou aqui para o que der e vier, meu Preto... Eu sou LA CHASCONA...Choro e poesia... ficção e realidade. Amiga, mãe e mulher...

 

Hoje, eu fui transferência... Só isso... Simples assim!!! 

 

 

 

 

 

 

 

 





sexta-feira, 29 de outubro de 2021

PRIMEIRA IMPRESSÃO

Por Patrícia Leite 
[29.10.2021]




 













Gosto do teu cheiro, de tocar você calma e languidamente. No primeiro momento, tu és somente prólogo – preliminares. Depois, mergulho em tuas linhas e me deleito às margens de tua obra primal.

A mente rodopia... Me lanço nessa viagem... Estou dentro e plenamente abandonada nas asas da tua literatura...

Sou, eu agora, um turbilhão de sensações complexas degustando cada palavra...Teu texto me faz viajar em tuas páginas...Poesia e aventura, crônica de um rico cotidiano. 

Te leio em voz alta... quase pulo o preâmbulo... Até aqui, tudo é apenas introdução... 

[...]

Fecho os olhos, por um átimo de tempo... Percebo cenas de advertência, vejo a fotografia, o tecido – que como trama de papiro –, se percebe livro bordado que me enlaça, enovela. 

Letras, símbolos gráficos... Tinta fresca em nossas memórias... Tudo me ilumina e me inspira.

Observo... Os dedos roçam a língua úmida, página rolada...Quanta prefação...silêncios, suspiros, capítulos e capítulos... De repente, epílogo.

Sim, se olharmos vagarosamente a vida de cada um é livro. A nossa não é diferente. E é quente, parceira, conjunto...Remate sem ser fecho, desfecho ou final.

Cada dia, é apenas mais uma cena de uma narrativa aquecida, uma “peça” romântica da vida real, destino da "pareia" de personagens ricos que somos.

Sim, somos também o interdito... Porque um livro é costurado nas ausências, texto não dito que segue conferindo-lhe ainda mais vida, complementando-lhe totalmente o sentido.

#diadolivro
#livro
#patrícialeite
#famílialeite
#amor
#literatura






segunda-feira, 18 de outubro de 2021

FLOR DE LÓTUS & FAROL

Por Patrícia Leite 
[18.10.2021]




Longe dos olhares curiosos da cidade, longe de tudo renascia ela; trêmula como flor imaculada que desabrocha sobre a água em busca de luz.

Seu rosto exibia promessas límpidas e puras de absoluto enlevo. Seus olhos... Janelas que desnudavam o sagrado. Sim, metade dela era fé. A outra metade... carnaval, festa profana. O corpo... Esse ancorava os dois lados, unia seus polos. Tudo era [des]arrependimento. 

Não, não é segredo, todos sabem que desejo é como faca afiada que corta o cabo de atracação e deixa o barco ir correr mundo... 

Desejo é ficar, mas é também partir.  É “[re]entrar”... é  “[re]sair”... 

Chegadas e partidas... Perto e longe... Um pensamento fortuito... Águas...Todos os nossos rios buscavam o mar...O mar de nossa casa primal...

De repente, um relâmpago, um trovão... Depois do clarão, tudo era breu. Nenhuma estrela salpicava o céu. 

Sons... Silêncios...Compassos...Tambores... Corações unidos à chuva que caia alegremente fazendo graça e batuque no peitoril. O vento cantava... 

Nós dois? Carnes  vibrantes, sons envoltos em melodia particular...

Estávamos sozinhos no mundo. Naquela “fatia de mundo”— ele e eu – somente nós dois ao alcance da esmaecida luz do farol. 

A chama elegante que bailava do “candelabro Flor de Lótus” veio se juntar a nós. Desavergonhadamente aquela labareda era como língua de fogo a dançar vertiginosamente na escuridão da nossa “cabine”.

O fogo deitava luz e sombras sobre a flor sem perder de vista a translucidez de quem nasce planta aquática e floresce sobre água. 

O farol!? Ah, o farol... Aquele ponto luminoso e norteador que nos conectava com a mãe-terra e dourava aquelas peles negras e arrepiadas trazendo visão, verso e charme aos sentidos mais primitivos. 

Todas as “luzes” estavam miscigenadas... O sal escorria dos poros e os olhos tinham o brilho da paixão visceral própria de quem encontra porto. Nem sempre seguro, mas sempre porto. 

Tudo era perdição e encontro... A coroa vermelha de nossos arrecifes, nossos corais cor de carne deitados sob a sombra memorial da “árvore” da vida. 

Tudo era presença, conexão, alegria e poesia...E essas são as nossas luzes! Sempre!


#farol
#flordelótus
#patrícialeite
#famílaleite
#poesia
#verso
#mar
#rio
#alegria
#miscigenadas
#mestiçagem
#lua
#chuva
#coroavermelha
#Arrecifes
#carnaval
#sagrado




quarta-feira, 15 de setembro de 2021

BRANCO NOS PRETOS











Não foi uma formalização tradicional. Aconteceu e não nos representaria mais se fosse de outra forma. 

De repente, deitamos os olhos em um par de anéis brancos, feitos com ossos de baleia, por uma Índia Pataxó, batizada com o nome de Anauê — Uma saudação afetiva que em Tupi quer dizer: “você é meu irmão” —, mas que segundo ela o seu nome tem um significado mais profundo e quer dizer CARINHO. 

Não precisamos de palavras… Apenas nos olhamos. Essa seria a nossa aliança, a expressão do nosso amor esculpido no carinho de minha origem indígena e com a força da nossa linguagem. Pura poesia.

Foi assim que resolvemos subir até o centro histórico de Santa Cruz de Cabrália, ponto mirante de onde se pode avistar onde aportaram as caravelas de Cabral. 

Chegamos de mãos dadas, anéis nos dedos.

Israel Viola, negro ancestral, historiador por formação e guia por vocação vem ao nosso encontro. Nada previamente combinado ou estabelecido. Acaso? Destino? Coincidência?

Não acredito em acasos. Nossos mentores já estavam todos ali reunidos. Os ancestrais de meu Preto inclusive.

Guiados pelos sons harmônicos de Viola, conduzidos por suas palavras de saudações e bençãos o invisível aos olhos e suas energias nos uniu, sob uma frondosa árvore tricentenária, que os negros denominaram umbanda e que os brancos a chamam de gameleira, selamos o nosso compromisso de seguir juntos. Assim somos. Negros forros, caciques e pagés de nosso próprio amor. 

O mar, a quebra das ondas, o vento e os pássaros foram a nossa trilha sonora. Playlist única e irreproduzível. Apresentação única. Linda… Mágica.

Embarcados nesse barco espiritual, levantamos âncora… Juntos. Velas ao vento rumo ao desconhecido, nessa louca nau chamada vida… Enlaçados nessa aventura chamada AMOR, envoltos na alegria de estarmos vivos juntos e agora com as bênçãos do GRANDE PAI. 

Odoiá MINHA MÃE… QUE ASSIM SEJA!!


#patricialeite #famílialeite #casamento #velejar #mar #férias

#aliança #amor #fé #diafeliz #Odoiá 

quarta-feira, 8 de setembro de 2021

SOSSEGO










Ando devagar, bem devagarinho, porque tenho muito para ver, porque amo detalhes...

Ando devagar, porque em muitos momentos preciso de pausas, de compassos suspensos de pequenas ausências de ar: contratempos positivos da respiração. 


Ando devagar e ofegante de alegria, em momentos repletos de êxtases e me permito viver nos intervalos do corre-corre. 


Ando devagar e nesse semi-tempo de ir, vez por outra, apenas me sento sobre a areia ainda morna do dia ou me deito sob as estrelas das noites de lua cheia e me lembro de que a única pressa que devo ter é a pressa de ser feliz. 


Ando devagar porque essa pressa de ser feliz requer um certo caminhar "vagaroso", próprio de quem quer reter minúcias. 


Ando devagar, olho e observo e na retina prendo imagens que a máquina fotográfica não foi capaz de captar. Cenas que a memória precavida manda guardar e assegurar em um lugar especial dos arquivos cofres da lembrança.


Ando devagar e vejo beleza no rastro, nas conchas partidas, nos pedaços…


Ando devagar e me vejo na força das águas, na rajada do vento, no furo das pedras…


Sim, eu ando devagar…E me vejo…E vejo você me olhando, me cuidando…Sorrindo… Ando devagar me exibindo pra você. 

quinta-feira, 17 de junho de 2021

#Precipícios

Por Patrícia  Leite

Foto: Maranhão Viegas











Vieram me perguntar como é te amar, meu Preto. Tentei e vou seguir tentando dizer como é...  Afinal, tenho todo o resto da minha vida para tentar. Não é mesmo? 


Te AMAR é...

Como a vertigem de estar na beirada… Jogada no melhor palmo de terra fértil para a minha louca poesia… Você é lugar seguro. Delírio. Êxtase. Olhar suspenso no belo, aprisionado na retina…


Te AMAR é... 

Mais que respiração ofegante e entrega…É corpo no solo, é pé no chão… É sonho.


Te AMAR é... 

Plural... são voos. Asas batendo ligeiras e ficando também estáticas enquanto nossos sentimentos ficam a planar nos espaços de alegria. 


Te AMAR é...  

Nadar em azuis — Céu e água e pétalas de flores selvagens e penas de passarinhos.


Te AMAR é... 

O sincronismo na remada, a passada ritmada, é ficar descabelada, pisar em trilhas de estrelas… Estrada ladrilhada. 


Te AMAR é... 

Sentir paz, mesmo que os tempos sejam difíceis.





#patrícialeite

#famílialeite

#Desafio

#paz

#estrada

#caminho

#precipicio

#êxtase

#amor

#descabelada


quarta-feira, 9 de junho de 2021

CURTINDO AS PEDRAS DO CAMINHO

Por Patrícia Leite [6.6.2021]

Foto: Maranhão Viegas















Não tenho me movido de casa para a rua com a mesma frequência com que eu fazia nos tempos não pandêmicos. Aliás, há 15 meses, trabalho remoto e só saio para fazer o estritamente necessário ou para cumprir ordens médicas. 


Assim como grande parte das pessoas que eu conheço, adotei centenas de protocolos para me manter segura até que a vacina pudesse chegar e que,  por meio de uma agulhada, o líquido milagroso fosse inoculado no músculo de um dos meus braços e finalmente começasse a circular dentro do meu corpo me protegendo. Mas o tempo do meu desejo nunca foi compatível com o tempo real.


Sigo me cuidando e quem me conhece sabe... Por precaução não tenho visitado parentes ou visto amigos. Engaiolada, em 35 metros quadrados, fui buscando alternativas seguras para voar. Mas, de uns tempos pra cá, já estava até achando desculpas para ir levar o lixo na lixeira mais vezes ao dia do que o necessário... Só pelo simples prazer de cruzar a soleira da porta e descalçar os chinelos de ficar em casa e calçar os “chinelos de rua”.


Livros, filmes, fotos e passeios virtuais são os meus atuais “calçados de sair”...  Memórias também me levam frequentemente para a estrada e, nas asas das lembranças, de repente, estou no mundo. 


Mas são as nossas eventuais caminhadas reais, ao alvorecer ou ao entardecer — dependendo do dia da semana —, que me devolvem a paz interior e um doce sentimento de pertencimento.  


Somos, de verdade, seres de interações e de movimento. Não tenho dúvida. Por crer nisso, não posso me furtar de dizer que — apesar das incríveis viagens do pensamento —,  é no contato com as coisas mais simples que eu me sinto plena. É uma questão de curtir miudezas, inclusive as pedras do caminho. 


Pequenos detalhes de liberdade pululam por todo lado nas raras vezes que saio e não escapam de meus olhos atentos. Guardo como se fosse um tesouro particular. 


Para conquistar minhas “joias” basta observar, por exemplo, as nossas botas — as minhas e as de Preto —, roçando desavergonhadamente os brilhantes fragmentos de cristais de rocha espalhados pela trilha ou simplesmente perceber as nossas roupas respingadas de barro, notar nossas meias encardidas ou a lama na nossa pele e nas nossas mochilas...  


Todo esse conjunto de minúcias faz com que eu me sinta livre. É o meu íntimo e valioso relicário pessoal. Mesmo com parte do rosto coberto por máscaras e mesmo que seja por um breve instante lá fora, eu sinto o prazer e o gosto da liberdade... Estou de volta ao natural e isso me basta, por agora.


Colocar olhos atentos  ao que eu gosto de chamar de obviedades do dia a dia me fazem verdadeiramente me sentir mais pulsante, com o coração disparado no peito, com a respiração ofegante. Não posso mentir, estou sempre com o olhar na linha do horizonte pedindo mais...mais... e mais... Todavia, estou há muito tempo trancafiada e qualquer escapadinha me diverte.


De repente, me vi com pequenas e grandes saudades... Saudades de dar uma topada, de tropeçar, de escorregar, de cair... E de rir de mim mesma, das minhas “pataquadas”... 


Saudades de curtir descidas escorregadias, penhascos, buracos...Saudades das ínfimas desordens da vida... Saudades...


Por vezes, a saudade se veste de tristeza. Não posso negar. E, por ordens médicas, voltei a sair e a buscar a alegria de me reconectar. 


Tenho feito longas caminhadas para tomar sol, reduzir o colesterol e a glicose, baixar o peso — preciso revelar que ganhei 12 quilos durante esse período de privação de liberdade e está difícil perder. 


As taxas metabólicas piraram completamente com o confinamento e as dores resolveram tomar posse do meu corpo.  Ao levantar da cama me pego fazendo queixas em voz alta. É  um  tal de dói aqui e dói ali sem fim.  


Minha sogra e meu sogro também não saem de casa pelo mesmo tempo que eu, mas não se reclamam de nada.  Me repreendo. Não deveria me queixar. Eles são mesmo um exemplo de sabedoria. 


Os dois já conseguiram tomar as duas doses da vacina contra o Coronavírus, mas seguem guardados em casa, no RANCHO DA MONTANHA. Seguros esperando esses tempos sombrios passarem. Claro que estão ansiosos esperando o dia em que todos os filhos e netos estarão vacinados e podendo circular a vontade e sem medo. 


Por lá, no rancho deles, tem de tudo um pouco, alegria não falta. Tem mexerica, limão, abacate, mamão, graviola, caqui e temperos de toda ordem. Mas mais do que frutas, hortaliças e verduras, lá tem prosa boa e liberdade. Como eu gosto de ir lá. É o meu refúgio.


Me lembro da primeira vez, durante a pandemia,  em que eu coloquei meus pés na casa deles. Cumprimentos com os cotovelos, máscaras, álcool em gel, chinelos limpos e desinfetados para serem calçados ao sair do carro... Tudo dentro dos conformes para que todos seguissem em segurança.


Mal sai do carro corri para o quintal. Queria muito colocar os pés na terra, na grama verdinha e orvalhada e andar vagarosamente entre as flores do jardim de Dona Isabel, minha sogra, e a quem carinhosamente eu chamo de RAINHA MÃE.


Há muito, em benefício da verdade, chamo o Rancho da Montanha de PALÁCIO DE BELckingham, uma piada interna que faz parte das nossas brincadeiras e dos nossos encontros virtuais e presenciais. Sempre pergunto: Como foi o dia aí no “Palácio Belckingham”?? E caímos todos em uma sonora gargalhada.


E foi por lá – nos jardins do Palácio –, entre brincadeiras e risos, que tive a sensação de estar verdadeiramente livre novamente, apesar de estar impregnada com a neurose imposta pelos novos protocolos sanitários instituídos para nos proteger da pandemia de COVID-19. 


Me lembro como se fosse hoje. Eu e a rainha mãe passeando pelo jardim, molhando as flores, colhendo frutos, enquanto seu Viegas, meu sogro, preparava um churrasco com meu Preto. 


Nunca vou me esquecer do aroma de tomilho e alecrim, recém colhidos na horta, e de como essas especiarias estavam sendo usadas para defumar a carne. Ainda consigo sentir o fino buquê de ervas  se misturando com o cheiro das flores e da terra molhada.


Até hoje, quando fecho os olhos e me lanço nessas lembranças, sinto essa explosão olfativa, sinto esses sabores... Mistura que cheira a alegria e liberdade. Pedra fundamental da vida.


Hoje, não foi diferente. Sem querer, deixei cair das mãos um pacote de sal grosso. O chão ficou repleto de pedrinhas... Não resisti, cerrei os olhos, andei descalça sobre os cristais e lá estava eu novamente envolta em memórias,  caminhando livre, curtindo as pedras do caminho... 






#PatríciaLeite
#trilhaspelomundo
#rancho
#pedra
#trilha
#caminho
#famílialeite
#sal
#estrada
#caminho
#memórias
#livre
#covid-19
#cornonavírus
#botas
#caminhodesantiago
#Compostela

quarta-feira, 21 de abril de 2021

Vicinais & ressignificações

Por Patrícia Leite - [21.4.2021]

AUTOR DESCONHECIDO




“O modo como aplicamos nossa atenção determina o que vemos” – [Anne Treisman].

Quando li essa Frase de Anne Treisman, hoje de manhã –  não sem precisar bem a hora, porque gastei largo tempo com essa frase girando dentro de mim –, fiquei pensando nas muitas vezes que entrei numa jornada hercúlea para dar novo significado as coisas, as pessoas, as vivências e em especial as dores e as histórias ruins.

Também somou-se a esse turbilhão de pensamentos as diversas vezes que disse a Priscila, minha filha caçula, que não se chega há outros lugares e a novas experiências fazendo os mesmos percursos. 

No fundo, no fundo, não digo isso só para ela. Digo constantemente essa frase para todas as pessoas que – em alguma medida –,  fazem parte da minha vida. 

Sigo meus dias experimentando essa máxima... O meu destino pode até estar rascunhado. Mas, no centro do meu mapa mental, visito diversas outras rotas e constato que muitas são as possibilidades de caminhos novos a percorrer. Gostaria que os que eu amo pudessem e quisessem fazer o mesmo. Correr por rodovias marginais... Percorrer diversas calçadas...

Do pouco que sei e do muito que vi, até aqui, concluí que caminhos diferentes nos levam sempre  a novas vivências. 

E cada vez que traçamos uma nova rota provamos de um tudo pela "primeira vez": Outras cores, outros gostos, outros perfumes, outras “temperaturas”... Primeiros encontros...

Ah! Como são doces as paixões dos primeiros... Do primeiro olhar, do primeiro abraço, do primeiro beijo, do primeiro passo, do primeiro amor, da primeira viagem... Da primeira grande peregrinação...

Mas o que dizer sobre a repetição do caminho?? As segundas incursões... as terceiras... as quartas... 

O que descobrir, descortinar e inovar sempre que tiver que refazer as mesmas estradas??

Penso que a resposta é apurar o olhar, mudar o foco, enxergar detalhes... Às vezes, é só uma questão de parar para perceber as somas... É algo como perceber o produto de dois ou mais elementos que modificam o todo.

Somar pode ser, em alguns instantes, apenas um lugar simbólico, um exercício. Algo como olhar demoradamente, no meio do cerrado, um fruto amarelo, por trás de uma folhagem que lhe faz sombra... Esse conjunto – folha e fruto –, por exemplo, me faz lembrar das cores da bandeira de meu país, das nossas matas, das nossas riquezas, das nossas lutas e das nossas esperanças... Não importa onde eu esteja no GLOBO. Carrego meus símbolos. É como estar em casa.

Em outras ocasiões, penso em um certo número de coisas e ou situações que se somam e pulam de um resultado para o outro de forma tão veloz que enxergo multiplicações. De posse desses resultados extraordinários eu os divido com meus amigos, meus amores. Dessa forma, olhando por esse prisma, quando estou seguindo por um trecho “acidentado” do caminho, alimento sonhos e diminuo minhas angústias, minhas tristezas...

Chamo a tudo isso de matemática em estado puro, poético. São composições – músicas da natureza em harmonia –, resultado da soma dos meus pensamentos, dos devaneios dele, com os caraterísticos sons das nossas botas sobre as pedras do caminho e que se somam com o compasso dos nossos cajados e que multiplicam-se no silêncio das vozes humanas, promovendo a percussão necessária para dar ritmo visceral aos nossos corações e as notas inconfundíveis dos cantos dos pássaros... De repente, tudo é cadência, métrica. De repente, tudo faz sentido.

Sabe aquela rua que você tem que passar por ela todos os dias??  Ou aquele vaga que você tem que "estacionar" todas as noites?? Ou  mesmo aquela soleira de porta que você tem que cruzar diuturnamente?? Ou aquele capacho em que você se descalça, todas as noites, antes de chegar em casa?? Sabe?? 

Seriam todos  esses roteiros as mesmas estradas vicinais de sempre?? Será? Seria mesmo uma repetição diária de um rumo que se repete dia após dia?? Será que sempre repetimos um certo caminhar mecânico para os mesmos destinos??

Não!! Definitivamente, não!! Porque novos caminhos não são exatamente um outro trecho a ser percorrido ou outros endereços pelos quais decidimos seguir para chegar em algum lugar em que devemos estar diariamente... 

Novos caminhos são prioritariamente uma forma diferente de olhar o mesmo percurso... E de enxergar por um outro ângulo ou sob uma nova perspectiva a mesma estrada ou a chegada em um mesmo velho e familiar endereço. É a diferença entre SER pessimista e otimista.

Às vezes, inverter... Se colocar na contramão... "Avessar" o sentido original pode trazer um NOVO resultado, uma mudança total, substancial... De si e dos outros.

Uma “leitura” diferente da mensagem e sobretudo um olhar mais alto astral, mais gentil e singular, pode lançar luz sobre essa louca e inusitada estrada que é a VIDA e lhe proporcionar dimensões e significados inimagináveis. 

Quem decidiu ser feliz vê, sente e ouve diferente de todos os outros que decidiram seguir outra jornada. 

Eu ouço música no vento, vejo no branco a soma das cores, sinto a luz varrendo a escuridão, sinto sabor na experiência, toco o invisível. E você? Qual via escolheu pra sua jornada??


*Esse texto é para o meu neto RAVI que nasceu para ser LUZ e escolheu ser SOL na vida das pessoas.



#Sol
#Ravi
#famílialeite
#Luz
#Estrada
#trilhaspelomundo
#peregrino
#santigodecompostela
#caminhodecora
#trilhas
#patrícialeite







segunda-feira, 15 de março de 2021

#365 CONCHINHAS

Por Patrícia Leite - [13.3.2021]


Há um ano, liguei apavorada para o meu Maranhão, a quem eu já chamava de meu Preto e que carrega em seu registro de nascimento o nome de Inorbel. 

Como ele mesmo gosta dizer, seu nome é fruto do amor de seus pais.  O menino Inorbel, nascido na pequena ilha de São Luiz – Maranhão, traz no nome um [R] responsável por fazer a ponte entre a primeira sílaba do nome de Seu Inocêncio [O PAI] e a última sílaba de Dona Isabel [A MÃE]. 

Pontes... 

Pensando bem Preto já nasceu para ser ponte – essa estrutura primal que liga duas partes, que estabelece comunicação entre dois pontos. E porque não dizer, em alguma medida, que estabelece a ligação entre duas pessoas. 

Ponte... Essa grande estrutura que finalmente me levaria ao meu destino derradeiro, que me levaria em uma viagem sem volta... Tinha nome e sobrenome. Inorbel de Jesus Alves Viegas.

E por falar em volta, voltemos aos fatos.

Liguei apavorada para meu Preto porque meu filho teria que fazer uma quarentena. Ele tinha entrado em contato com pessoas que haviam testado positivo para COVID-19 e eu, por segurança, teria que ficar uns dias fora de casa. 

E foi buscando segurança que eu pensei e pensei... Vou pra onde?? Vou para fazenda?? Para um hotel?? Para casa de um dos meus irmãos ou vou pra casa do meu AMOR. Ganhou a casa do meu amor, é claro! Sábia decisão.

A gente nem imaginava o que ainda estava por vir. Pensávamos que seria uma quinzena de afastamento social e logo as coisas voltariam a “normalidade”. Mas os dias foram passando, passando e eu fui ficando...ficando...Comecei a trabalhar remoto, ele também, depois ele voltou para o presencial, eu segui remoto... E os dias seguiram passando...passando. E eu ficando...Ficando...

Adeus saídas... Adeus apertos de mão, adeus abraços e adeus beijos em parentes.  Adeus encontros de família, adeus aos cafés com os amigos... 

Os rostos ganharam máscaras, as mãos ganharam luvas, os sapatos passaram a dormir no capacho do lado de fora. 

Os calçados que tiveram o “privilégio de ir passear pela rua só podiam retornar para a sapateira depois de lavados ou desinfetados com álcool 70. E, eu confesso,  secretamente eu os invejava. Eles podiam caminhar, correr, saltar e pular com quem tivesse que ir lá fora. Eu seguia da porta pra dentro.

As roupas?? Essas saíam do corpo de meu Preto, ao chegar da rua, e iam direto para o balde repleto de sabão e água sanitária. 

E eu que cheguei aqui apenas com uma pequena mochila, meia dúzia de mudas de roupa, algumas lingeries e um sapato preto básico... me revezava numa lavação sem fim dessas poucas peças. Era o que tinha... E tinha que ser assim...

É... Parece que foi ontem que eu cheguei por aqui, trazendo o mínimo de coisas e o muito de minha alegria. Sim, isso foi praticamente tudo o que eu trouxe comigo. Poucas peças e muita alegria.

Foi tudo tão rápido que até o chinelo ficou para trás, o pente, a escova de dentes, o desodorante e o perfume também. 

De repente, nós dois, precisávamos aprender a trabalhar em casa. Não tinha hora pra começar ou terminar a rotina profissional. Estávamos perdidos. 

Evitávamos ir na rua até para fazer compras de mercado. Quando íamos trazíamos tudo em grandes quantidades para não ter que voltar a sair tão cedo. O maleiro virou despensa de mantimentos e o pequeno congelador virou freezer.

A vida virou do avesso. Casa de homem solteiro todo mundo tem uma ideia de como seja... Mas nem sempre é o que pensamos. Preto, por exemplo,  é do tipo que sabe cozinhar e cozinha bem, mas normalmente optava por comer na rua, perto do trabalho. 

E eu que cheguei, de repente e quase sem nada de paraquedas na vida dele... Ganhei uma gaveta, umas prateleiras, um espaço na sapateira e no cabideiro e um seja bem-vinda você está em casa.

Aquele apartamento tão familiar evoluiu pra lar, para lugar seguro. Tivemos que nos adaptar aos novos tempos. Passamos a fazer todas as refeições em casa. Sem forno...Fizemos da airfryer [fritadeira elétrica] churrasqueira, panificadora, assadeira e tudo que você possa imaginar. 

Juntos passamos a cozinhar, passar roupa, fazer faxina. Também cuidamos com afinco do emprego de onde vinha o sagrado dinheiro do salário, nosso ganha pão. Viramos editor, redator, diretor, produtor e cinegrafista um para o outro. Fosse na hora de gravar vídeo DOCs, fosse para os VTs da TV, ou para as apresentações musicais do coral, vídeo- palestras e muito mais...

Nesses últimos tempos, nós nos pós-graduamos em muitas áreas. Viramos psicólogos, enfermeiros, especialistas em floricultura de pequenos ambientes. Aprendemos a fazer live, reunião on line, aprendemos essencialmente a transformar o mundo presencial em virtual e a se encontrar e a se reconectar dentro desse novo UNIVERSO PARALELO. 

Dessa forma, aproximamos distâncias... 

Fizemos festas temáticas só para nós dois. Jantares com comidas típicas de lugares que sonhamos visitar mundo afora. Tivemos e temos jantares a meia-luz, a luz de velas, as claras, as escuras. Tivemos, inclusive,  “jantares insones”, regados a sobremesa de frito de banana [Cartola], no meio da madrugada.

Tivemos também um substancial aumento de peso. Sim, a barriguinha cresceu. Nesse período, virei nutricionista e Personal Trainer. Aaah... O cabelo também cresceu, a barba também. Decidi que dava conta de ser barbeira. Foi um desastre... [risos]. Nessa época, ele ganhou o carinhoso apelido de SONIC.

Depois, pra perder a barriga [só a dele cresceu – risos]  e ele resolveu treinar para as suas corridas. E fez do apartamento pista de atletismo... nesse período, eu virei manicure. Pintei as unhas com sombra e passei base em cima pra “fingir” que estava de unha feita. Passei também a pintar os meus cabelos para esconder os brancos. Fiz e faço maquiagens elaboradas e coloco vestidos longos pra sair do quarto para a sala. Quem vê pensa que estou indo para um festão. Na verdade estou. Numa festa com ele. Sempre com ele e ele também se arruma todo.

Ás vezes, estou em um cômodo e ele noutro escrevendo poesias que nos salvam e salvam amigos e parentes.

Mas o bom de tudo isso... O “BÃO MESMO”... É que a gente morre de rir disso tudo. E os dias vão passando e as noites vão chegando e quando a noite vem é “BÃO” também. É bom de outro jeito, de um jeito só nosso.

Sabe... A gente só dorme de mão dada, depois de um beijo de boa noite. Ah!! Isso é “BÃO”. Como isso É “BÃO”.

Quando o dia clareia, juntos acendemos velas para os nossos santos, enquanto rezamos, já não estranho o encontro entre o sagrado e o profano – na maioria das vezes estou nua e sentada em seu colo, sem ter sequer passado pente nos cabelos ou escovado os dentes –,  agradecemos por seguirmos alegres e sem sermos contaminados.  

Nem o vírus, nem a intolerância, nem os ódios despejados nas calçadas nos alcançam. Primeiramente, porque temos DEUS na linha de frente. Em segundo lugar 
[segundamente, como gostamos de brincar], porque temos uma alegria genuína de jovens maduros que encontraram seu grande amor. Há dias fáceis e outros nem tanto.

O tempo passou, 2020 se foi, 2021 chegou e com ele chegou a vacina. Chegou para os nossos pais. Mas ainda não chegou para mim ou para ele ou para os nossos filhos, muito menos pro nosso neto. Chegou, mas não chegou... Chegou para alguns poucos a vacina contra o vírus. Com ela chegou  também uma gota de esperança, uma dose de abraços. E um recomeço. Ainda não voltamos aos encontros de família, aniversários, Natal, Ano Novo... Tudo isso  ainda é apenas um desejo.

Foi e tem sido difícil para muitos. Às vezes, para nós também. Choramos os amores que deixaram este plano. Choramos o LUTO mundial, choramos a distância, mas rezamos por todos. E somos gratos por estarmos juntos neste confinamento. Quando todos tiveram que se afastar, nós nos juntamos. Decidimos seguir juntos, lado a lado nessa louca estrada da vida.

A pandemia adiantou nossos planos. CASAMOS na pandemia. Um ano dormindo de conchinha, respiração tranquila num planeta sem ar. 

Como é bom, meu Preto, deitar em seus braços e adormecer no compasso da batida do seu coração. Somos [nós dois] um país em seu próprio rumo, em crescimento, somos um mundo em seu verdadeiro destino, um amor celebrando o seu melhor encontro. 

Com ou sem vírus, com ou sem pandemia. O AMOR é o que nos conecta. Esse foi o caminho que escolhemos trilhar juntos. Esta é a nossa poesia. Um brinde a vida e a chegada de muitos outros #365. 




#pandemia
#familialeite
#patricialeite
#amor
#preta&preto
#trilhas
#trilhaspelomundo
#ponte
#poesia
#Covid-19
#coronavírus

sexta-feira, 12 de março de 2021

A LUNA DE LORRAINE

Por Patrícia Leite 
[10.3.2021]




Eu vi florescer a muda da árvore da vida e vi também desabrochar a flor.
Vi a lua pratear suas folhas, descer por seus galhos e iluminar suas raízes.
Vi os primeiros raios de sol enxugar o orvalho em suas aveludadas pétalas.


[...] Parei, olhei, toquei, ouvi, senti, eu vi...


Vi com os olhos de outros sentidos seu perfume se espalhar no ar. Para que?? Para alegrar o nosso olfato. 


Vi e toquei sua delicadeza. Mas foi vendo surgir seu primeiro broto que eu entendi que ela nasceu pra enfeitar o mundo com a sua generosa natureza.


Do “REINO DE LOTÁRIO” enviaram-me LORENNA — A famosa guerreira. 


Lóris, como eu gosto de chamá-la, reflete todos os atributos virtuosos de honra e orgulho. É mulher sol, cheia de LUZ.


E assim como o grande ASTRO REI é ela que lança LUZ sobre a LUA para que possamos vê-la aqui da terra. 


Não importa a fase: Cheia, minguante, nova ou crescente ela sempre simbolizará esperança, iluminação, passividade, receptividade e feminilidade. Essa será nossa LUNA — nossos “satélite” natural do AMOR.


Venha menina de fases!! Seja bem-vinda ó iluminada LUNA, você que decidiu vir na fêmea roupagem,  imbuída da força do sagrado feminino. Venha!!


Ó LUNA... Fruto da semente de Ken que germinou no ventre de LORENNA para ser a terapêutica perfeita e necessária e que com o seu exército de outros anjos desceu para tratar o planeta azul.  


Água, terra, fogo e ar. As forças da natureza te recebem e eu humildemente me coloco á disposição. 


Venha LUNA pratear o véu da noite e lançar luz sobre a escuridão, pois que tu és AMOR e o AMOR É O ÚNICO CAMINHO POSSÍVEL. 


LINK DO VÍDEO: https://www.youtube.com/watch?v=fuRPHL7wjec




#Luna
#Lorenna
#Lorraine
#Lotário
#Flor
#Desabrochar
#Lua
#Maternidade
#Mãe
#Luz
#Satélite
#Fasesdalua
#trilhaspelomundo
#Pireneus







terça-feira, 9 de março de 2021

#Roupagem

 Por Patrícia Leite [7.3.2021]

Foto: Maranhão Viegas














A ciência diria de forma cartesiana que uma mudança rápida e intensa na forma, na estrutura e nos hábitos de um ser, durante o ciclo da vida, ficou academicamente conhecida como #metamorfose

A transformação da lagarta em borboleta, é um bom exemplo de tamanha modificação. Mas o que dizer de uma mudança total e sem precedentes de um ser em evolução em um dos muitos ciclos de muitas vidas??
Metamorfose é pouco para aprisionar um conceito sobre toda a nossa unimultiplicidade. Singulares, unos e sozinhos somos ainda soma, divisão, multiplicação e subtração. Nas "vestes" muitas são as nossas novas características, formas, estruturas... Hábitos.
A pandemia colocou máscaras em nossas faces, mas deixou cair os disfarces. Até pra ser ilha temos que ter água nos tocando por todos os lados.

Sim, precisamos uns dos outros.

Estamos sós e afastados, mas também estamos juntos, conectados. Os olhos que já eram chamados, por muitos, de janela da alma, mudaram e passaram a ser linguagem. Cheios de lágrimas, opacos, curvados em sorrisos, lavados, maquiados, por trás de lentes... Transmutados.

Olhos agora são lugares de fala.

As vozes abafadas por trás de tecidos negros, brancos, coloridos precisaram dos olhos para demonstrar empatia, alegria, tristeza e ócio. E os olhos, que tinham por principal função VER, passaram a falar e a ouvir e a sentir.
Meus dedos tocam o que minha alma entende por mudança. Meus olhos captam a vibração das primeiras e trêmulas asas que voo irão logo alçar.
Minha respiração para por um átimo. Eu sou, de repente, aquela borboleta e aqueles pequenas antenas. Naquelas asas eu vou polinizar, por meio de pequenos sinais gráficos, esperança, crença, fé...
Minha palavra é também parte e processo... É também mudança, transformação. Minha palavra e sua leitura juntas não são outra coisa que não METAMORFOSE.
EU SOU A LAGARTA... SEJA VOCÊ VIDA COM ASAS...BORBOLETA... LIBERTAÇÃO.

Sejamos juntos a metáfora mais intensa e perfeita da transformação.







#metamorfosear
#metamorfose
#vida
#borboleta
#lagarta
#crônicas
#esperança
#patrícialeite
#famílialeite