sexta-feira, 13 de março de 2015

CLEPSIDRA

Por Patrícia Leite



Quem pensa ele que é?? Não sei eu! Sabes tu??

Porque perto de ti, amor meu, ele corre, se apressa, dispara, voa...
Porque longe de ti, esse danado, se arrasta, faz birra, bate o pé, empaca...

Aaaaah doido que não tiquetaqueia na velocidade do meu desejo
Maluco que ri de chorar e que zomba debochado do meu desespero

Fostes talhado para medir. Mas não mede o estrago que fazes
Por que razões desprezas o pulso acelerado de quem não pode modificar teu passar??

Enquanto gotejamos sentimentos de uma âmbula para a outra, segues voraz e insensível. Segues no compasso egoísta de tua própria métrica. Símbolo grandioso da transitoriedade da vida porque não modificas tuas práticas??

Hora tu és vida...Hora tu és morte... Hora tu nem és nada. Apenas enfado. Tudo é e tende a ser descontrole na tua mão e é exatamente isso o que me impulsiona a fugir de ti. Me obrigas assim a ser o meu próprio quadrante solar.

Desprezo-te. Conto em luas minhas partidas e chegadas. Porque não posso contar contigo e com teus ponteiros sarcásticos que se movem [a] ritmados de mim. Acaso contas por lágrimas teus giros??

Sabes o que me compeli a fazer?? Não?? Te digo. Ponho-me a brincar de pique-esconde contigo. Deito, ouço música, entro na porta das lembranças e simplesmente estou lá Caraíva de mim, de nós. Grãos de sonhos no mundo real.

Tô dormindo? Pode ser. Então não me belisca que não quero acordar. Porque sonhar acordado é ainda melhor que em sono e em sonho. Porque sonhar acordado é liberdade, meu caro senhor. Assim de desobedeço Doutor Tempo.

Tempo te afasta de mim pois que tu és chama que queima e arde e não preciso de ti para estar, nem aqui e nem em qualquer outro lugar. E esta é a minha rebeldia.