sexta-feira, 29 de outubro de 2021

PRIMEIRA IMPRESSÃO

Por Patrícia Leite 
[29.10.2021]




 













Gosto do teu cheiro, de tocar você calma e languidamente. No primeiro momento, tu és somente prólogo – preliminares. Depois, mergulho em tuas linhas e me deleito às margens de tua obra primal.

A mente rodopia... Me lanço nessa viagem... Estou dentro e plenamente abandonada nas asas da tua literatura...

Sou, eu agora, um turbilhão de sensações complexas degustando cada palavra...Teu texto me faz viajar em tuas páginas...Poesia e aventura, crônica de um rico cotidiano. 

Te leio em voz alta... quase pulo o preâmbulo... Até aqui, tudo é apenas introdução... 

[...]

Fecho os olhos, por um átimo de tempo... Percebo cenas de advertência, vejo a fotografia, o tecido – que como trama de papiro –, se percebe livro bordado que me enlaça, enovela. 

Letras, símbolos gráficos... Tinta fresca em nossas memórias... Tudo me ilumina e me inspira.

Observo... Os dedos roçam a língua úmida, página rolada...Quanta prefação...silêncios, suspiros, capítulos e capítulos... De repente, epílogo.

Sim, se olharmos vagarosamente a vida de cada um é livro. A nossa não é diferente. E é quente, parceira, conjunto...Remate sem ser fecho, desfecho ou final.

Cada dia, é apenas mais uma cena de uma narrativa aquecida, uma “peça” romântica da vida real, destino da "pareia" de personagens ricos que somos.

Sim, somos também o interdito... Porque um livro é costurado nas ausências, texto não dito que segue conferindo-lhe ainda mais vida, complementando-lhe totalmente o sentido.

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segunda-feira, 18 de outubro de 2021

FLOR DE LÓTUS & FAROL

Por Patrícia Leite 
[18.10.2021]




Longe dos olhares curiosos da cidade, longe de tudo renascia ela; trêmula como flor imaculada que desabrocha sobre a água em busca de luz.

Seu rosto exibia promessas límpidas e puras de absoluto enlevo. Seus olhos... Janelas que desnudavam o sagrado. Sim, metade dela era fé. A outra metade... carnaval, festa profana. O corpo... Esse ancorava os dois lados, unia seus polos. Tudo era [des]arrependimento. 

Não, não é segredo, todos sabem que desejo é como faca afiada que corta o cabo de atracação e deixa o barco ir correr mundo... 

Desejo é ficar, mas é também partir.  É “[re]entrar”... é  “[re]sair”... 

Chegadas e partidas... Perto e longe... Um pensamento fortuito... Águas...Todos os nossos rios buscavam o mar...O mar de nossa casa primal...

De repente, um relâmpago, um trovão... Depois do clarão, tudo era breu. Nenhuma estrela salpicava o céu. 

Sons... Silêncios...Compassos...Tambores... Corações unidos à chuva que caia alegremente fazendo graça e batuque no peitoril. O vento cantava... 

Nós dois? Carnes  vibrantes, sons envoltos em melodia particular...

Estávamos sozinhos no mundo. Naquela “fatia de mundo”— ele e eu – somente nós dois ao alcance da esmaecida luz do farol. 

A chama elegante que bailava do “candelabro Flor de Lótus” veio se juntar a nós. Desavergonhadamente aquela labareda era como língua de fogo a dançar vertiginosamente na escuridão da nossa “cabine”.

O fogo deitava luz e sombras sobre a flor sem perder de vista a translucidez de quem nasce planta aquática e floresce sobre água. 

O farol!? Ah, o farol... Aquele ponto luminoso e norteador que nos conectava com a mãe-terra e dourava aquelas peles negras e arrepiadas trazendo visão, verso e charme aos sentidos mais primitivos. 

Todas as “luzes” estavam miscigenadas... O sal escorria dos poros e os olhos tinham o brilho da paixão visceral própria de quem encontra porto. Nem sempre seguro, mas sempre porto. 

Tudo era perdição e encontro... A coroa vermelha de nossos arrecifes, nossos corais cor de carne deitados sob a sombra memorial da “árvore” da vida. 

Tudo era presença, conexão, alegria e poesia...E essas são as nossas luzes! Sempre!


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