terça-feira, 17 de outubro de 2017

Conjunto de partículas diminutas

Por Patrícia Leite


Espalhei sonhos pela nossa cama... Estiquei lençóis de um futuro cheio de planos e aventuras... E como numa rápida e inesperada lufada... O vento mudou nosso rumo, nosso destino.



Apesar da cumplicidade que tínhamos, não havia mais nós. E assim, sem laços – ciente de nossos próprios vazios –, nos despedimos. Cada um, a sua maneira, procurando algo que não estava ali ou pelo menos não parecia estar.



A lua e o sol foram trocando de lugar no céu...Num eterno e sincronizado bailar com os ponteiros da vida.



O tempo – fármaco de todos os males... Fez a terra toda rodar em torno de si, em torno do sol e em torno do meu mundo interior...



Aos poucos, lentamente as linhas de nossas vias deixaram de se tocar e quando pensei que nossos caminhos nunca mais fossem se cruzar... Outra rajada tornou a mudar o meu curso.



De repente... Ele passou vagarosamente por mim, olhou-me nos olhos e com acentuada paixão na voz disse:



– O vento continua usando o seu perfume… Isso me perturba muito!



Sorri em retribuição ao elogio, mas era tarde demais. Meu coração já não mais batia por ele. Aliás, além de mim, não batia por ninguém. E eu estava feliz por isso.



Um lampejo de passado me perpassou a boca do estômago. Recordei das inúmeras vezes que senti as pernas tremerem só de ouvir àquela voz.



Ele não soube valorizar o amor que havia em mim e por muitas noites chorei baixinho e espalhei minha dor, meu vazio e minha insônia no macio dos meus travesseiros.



Agora, de mim terá apenas um aroma, um cheiro, uma lembrança. Uma saudade daquilo que não fomos. Mas que podíamos ter sido...