Por
Patrícia Leite
Não
podemos negar que o suposto “sexo frágil” foi talhado para ser
ROSAS. Mas são, cada vez mais, AZUIS – e me permitam “zombar”
ao cunhar essa expressão “nesse barro cultural”, de divisão de
gêneros, onde também fomos modeladas.
Sim,
as mulheres hoje são presidentes, ministras, engenheiras,
açougueiras, mecânicas, comerciárias…
As
ROSAS são AZUIS!!
E
quem viu o destemor da vendedora Leiliane Rafael da Silva (28),
arrancando, com as mesmas “delicadas” mãos que acariciam e
acolhem seus três pequenos filhos, todo aquele metal da fuselagem do
caminhão que se chocou com o helicóptero, em que estava o
jornalista Ricardo Boechat, como se toda aquela ferragem fosse um
pedaço de papel, sabe do que estou falando.
Leiliane
não se furtou em socorrer, não pensou na própria luta que vem
travando contra a morte. Portadora de uma doença rara, uma
anormalidade vascular que atinge principalmente o cérebro e requer
repouso, pouco esforço e menos estresse, não foi impedimento para
ela. Ela não vacilou.
Sim,
mulheres como ela não cruzam os braços na hora H. A história fala
por si. Em 8 de março de 1857, há 162 anos, para ser
exata, operárias têxteis de uma fábrica
de Nova Iorque, entraram em greve para reivindicarem a redução da
jornada de mais de 16 horas diárias de trabalho para
dez.
Mas
não era somente a extensa jornada que era cruel. As diferenças eram
aterradoras. Elas recebiam menos de um terço do salário dos homens.
Não, não é
preciso destacar que elas continuaram por décadas recebendo
menos que os homens no desempenho das mesmas funções.
Em
1908, cerca de 15 mil mulheres foram
as ruas novaiorquinas novamente. Naquele período,
voltaram com o slogan PÃO e ROSAS. O pão
simbolizava a estabilidade econômica e as rosas uma melhor qualidade
de vida.
Sim,
elas reivindicaram o mesmo que as operárias de 1857. Mas
foi somente em 1910, na Dinamarca, em uma conferência
internacional de mulheres, que ficou decidido: era
preciso homenagear àquelas mulheres. O 8 de
Março passaria a ser a data comemorativa do Dia
Internacional da Mulher.
Muitos
dirão que o dia da mulher é todo dia. E é! Mas somos seres
simbólicos. Por isso, precisamos lembrar e comemorar o esforço
daquelas 130 mulheres que morreram queimadas buscando
mais qualidade de vida no trabalho (QVT), mais dignidade e salários
mais justos.
Elas
iniciaram uma luta para diminuir o abismo das diferenças
salariais. É verdade que as mulheres ainda têm um
longo caminho a percorrer para obter o mesmo reconhecimento que os
homens. A diferença salarial ainda hoje
é superior a 50%, em favor deles. Mas
também é verdade que somos, cada dia mais, um mar de Leilianes
fazendo a diferença e isso é razão mais do que suficiente para
comemorar O 8 de março.
Feliz
dia Internacional da Mulher!