Por
Patrícia Leite
Por
que não fiquei calada? Falas brutas ou
edições? O que publicizar ou não? Perguntas que me rondam e me
inquietam sempre e que hoje acabei por deixá-las escorrer para fora
da boca. Pronto...Estava aceso o estopim.
Faltou
filtro, mais uma vez, pensei!! Iniciou-se uma grande discussão
acerca de como o silêncio pode dizer muito mais que as palavras. E
não é uma questão de ser polido, ser politicamente correto ou
passar demão sobre demão de verniz social.
Quando
compreendemos que não há o que possa ser feito contra a
agressividade contida na imutabilidade avassaladora da verborragia
desnecessária é melhor cerrar os lábios e mudar de atitude.
Neste
momento, ouça, olhe com doçura e compreensão para o seu
interlocutor, meneie a cabeça e permaneça em silêncio... Eu me
dizia.
E
foi lá, onde a vozes se calaram, que encontrei as respostas certas.
Nos conselhos que partiram das vozes do silêncio...
Não
há dúvida, refleti interiormente, que as palavras reverberam e se
movem e têm força. Mas elas também não se estendem
em
nenhuma
superfície, ponderei.
Elas
não se instalam, não proporcionam morada definitiva em ninguém.
As
palavras andam, correm
e podem causar estragos. Pondere,
me ordenei!
As
palavras erradas machucam.
Já
o silêncio...Estas
pequenas pausas na sonoridade podem promover reflexão, abrandar
corações aflitos e
passear na adversidade sem causar
transtornos.
Em
benefício da verdade, a
calmaria
aparente que o
silêncio traz
consigo
pode
provocar no primeiro momento e
deixar tudo revolto. Mas
é
no silêncio que reside a paz e está
a verdadeira arte
da
guerra.
Porque
é no silêncio que encontramos nossas vitórias.
Conclui,
por fim, depois
do tumultuado
debate
interno,
que o
silêncio crava no outro o que palavra nenhuma é capaz de fazer.
Interpretar
o silêncio não
é realmente
tarefa
das mais fáceis...
Mas
é exercitando que podemos alongar as pequenas pausas e promovê-las
a silêncios reveladores.