quarta-feira, 8 de setembro de 2021

SOSSEGO










Ando devagar, bem devagarinho, porque tenho muito para ver, porque amo detalhes...

Ando devagar, porque em muitos momentos preciso de pausas, de compassos suspensos de pequenas ausências de ar: contratempos positivos da respiração. 


Ando devagar e ofegante de alegria, em momentos repletos de êxtases e me permito viver nos intervalos do corre-corre. 


Ando devagar e nesse semi-tempo de ir, vez por outra, apenas me sento sobre a areia ainda morna do dia ou me deito sob as estrelas das noites de lua cheia e me lembro de que a única pressa que devo ter é a pressa de ser feliz. 


Ando devagar porque essa pressa de ser feliz requer um certo caminhar "vagaroso", próprio de quem quer reter minúcias. 


Ando devagar, olho e observo e na retina prendo imagens que a máquina fotográfica não foi capaz de captar. Cenas que a memória precavida manda guardar e assegurar em um lugar especial dos arquivos cofres da lembrança.


Ando devagar e vejo beleza no rastro, nas conchas partidas, nos pedaços…


Ando devagar e me vejo na força das águas, na rajada do vento, no furo das pedras…


Sim, eu ando devagar…E me vejo…E vejo você me olhando, me cuidando…Sorrindo… Ando devagar me exibindo pra você. 

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