terça-feira, 19 de fevereiro de 2019

#Irrepetibilidade

Por Patrícia Leite
Em 10.10.2018






Será que foi um carro, trem ou avião que passou em cima dela??? Ela ainda não sabe dizer quem ou o que a atropelou. A noite sem dormir foi só consequência do "acidente" ou a causa dele??

A verdade é que o dia clareou e, desta vez, ela não ficou chateada por não ter dormido. Aproveitou, sobre o manto negro da noite,  o silêncio do tempo para fazer novos laços, renovar amizades, ligar os pontos do invisível. E, quando por fim adormeceu, percebeu que ainda sorria dos passeios que fez, dos lugares e pessoas que visitou. Lembranças de coisas que não viveu. 

A ideia do novo, por vezes, assusta, ouriça, atiça, arde, incendeia. Trata-se do inevitável cataclisma causado pelo primeiro contato com algo que não nos é familiar. Mas afinal o que é familiar? Há algo que seja realmente, no sentido literal, familiar?

Familiar pressupõe, por definição, algo que se conhece. Mas se cada contato nos transforma, nos faz diferentes, nos modifica...Estamos sempre nos [re] inventando e nos transformado em outros. Somos a tal “metamorfose ambulante”, tantas vezes cantada por Raul Seixas.

Estamos sempre nos [des]familiarizando com tudo e todos a nossa volta, além de sucessivamente nos [des]familiarizarmos com nós mesmos. Cada momento, cada contato, cada evento é irrepetível. Nunca mais vai acontecer.

É assim, por exemplo, nos momentos mais clássicos... Primeiro dia na escola, o primeiro beijo, o primeiro emprego, o primeiro amigo, o primeiro amor, a primeira transa. 

É sempre o imprevisível que nos ronda, cerca e tece armadilhas. São todos  os eventos apenas parte do deboche final, a comicidade das relações humanas envoltas nos novelos coloridos que alimentam o tear zombeteiro do criador??

Como diz um amigo meu, determinados desafios são impostos somente para os fortes. Porque viver intensamente é, de fato, a agridoce aventura de ser e estar no mundo. 



A honestidade do PRIMEIRO, a ignorância do que está por vir, faz da estrada da vida a manobra tática mais fantástica. É o caos da #IRREPETIBILIDADE do percurso. 





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2 comentários:

  1. Adorei, um texto muito reflexivo,digno de quem valoriza e tem amor pela vida e seus momentos, não sou nenhum crítico literário, mas consigo perceber a riqueza do seu conteúdo.

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    1. Obrigada, por deixar seu comentário! De fato, valorizo a oportunidade de estar vivendo essa encarnação.

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