Por Patrícia Leite
Em 10.10.2018
Será que foi um carro, trem ou avião que passou em cima dela??? Ela ainda não sabe dizer quem ou o que a atropelou. A noite sem dormir foi só consequência do "acidente" ou a causa dele??
A verdade é que o dia clareou e, desta vez, ela não ficou chateada por não ter dormido. Aproveitou, sobre o manto negro da noite, o silêncio do tempo para fazer novos laços, renovar amizades, ligar os pontos do invisível. E, quando por fim adormeceu, percebeu que ainda sorria dos passeios que fez, dos lugares e pessoas que visitou. Lembranças de coisas que não viveu.
A ideia do novo, por vezes, assusta, ouriça, atiça, arde, incendeia. Trata-se do inevitável cataclisma causado pelo primeiro contato com algo que não nos é familiar. Mas afinal o que é familiar? Há algo que seja realmente, no sentido literal, familiar?
Familiar pressupõe, por definição, algo que se conhece. Mas se cada contato nos transforma, nos faz diferentes, nos modifica...Estamos sempre nos [re] inventando e nos transformado em outros. Somos a tal “metamorfose ambulante”, tantas vezes cantada por Raul Seixas.
Estamos sempre nos [des]familiarizando com tudo e todos a nossa volta, além de sucessivamente nos [des]familiarizarmos com nós mesmos. Cada momento, cada contato, cada evento é irrepetível. Nunca mais vai acontecer.
É assim, por exemplo, nos momentos mais clássicos... Primeiro dia na escola, o primeiro beijo, o primeiro emprego, o primeiro amigo, o primeiro amor, a primeira transa.
É sempre o imprevisível que nos ronda, cerca e tece armadilhas. São todos os eventos apenas parte do deboche final, a comicidade das relações humanas envoltas nos novelos coloridos que alimentam o tear zombeteiro do criador??
Como diz um amigo meu, determinados desafios são impostos somente para os fortes. Porque viver intensamente é, de fato, a agridoce aventura de ser e estar no mundo.
A honestidade do PRIMEIRO, a ignorância do que está por vir, faz da estrada da vida a manobra tática mais fantástica. É o caos da #IRREPETIBILIDADE do percurso.
Tags
#caos
#percurso
#beijo
#primeiro
#irrepetibilidade
#raulseixas
#acidente
#carro
#trem
#avião
#amor
#transa
#cataclisma
#acidente
#novo
Adorei, um texto muito reflexivo,digno de quem valoriza e tem amor pela vida e seus momentos, não sou nenhum crítico literário, mas consigo perceber a riqueza do seu conteúdo.
ResponderExcluirObrigada, por deixar seu comentário! De fato, valorizo a oportunidade de estar vivendo essa encarnação.
Excluir