Por Patrícia
Leite
Deitou-se com a
cabeça a mil por hora. Sentia-se embotada. Não conseguia mais
demonstrar interesse por nada. E nutria um principal desinteresse
pelos excessos, quaisquer que fossem eles.
Mas a inaptidão
para recomeçar um relacionamento amoroso era algo que colocava o
amor no topo das coisas que nenos a entusiasmavam.
Ao contrário,
despertava-lhe um absoluto desinteresse. Ela ainda se sentia presa a
um amor do passado e esse era o mais esgarçado dos tecidos
envolvidos na colcha de retalho que a constituía.
Dormiu pouco mais de
4 horas, naquela noite... Lentamente, virou-se na cama, sorriu
maliciosamente, sem ao menos abrir os olhos, se espreguiçou e o
primeiro pensamento que lhe ocorreu foi: – hoje é dia de me
reinventar.
Começou a repassar
mentalmente a lista das coisas que seriam necessárias a essa nova
mulher.
Bocejou...
Talvez ainda usasse
algumas peças das roupagens antigas, pensou. Mas o fato é que era
chegada a hora de virar a página.
Tinha o hábito de
lavar os cabelos ao acordar e antes de dormir... Manteria o hábito.
Manteria ainda o prazer de se perfumar ao deitar e de se jogar nua
sob as cobertas.
Sempre detestou
dormir vestida. As lingeries, para ela, tinham uma única função:
seduzir!! E ela era sexy e sabia usar isso em seu favor. Ok, manteria
esse item no seu “guarda-roupas” também. O que mais levaria para
essa nova mulher que nasceria hoje, pensou!?
Uma lufada de vento
entrou pelas janelas, quarto a dentro e sacudiu as cortinas De
Voil formando uma grande barriga. Parecia uma vela de vento em
popa.
Ok. Estava decidido.
Levaria a velejadora também e todo seu lado aventureiro. Não
abriria mão das cavernadas, decidas de rappel, rafting, escalada,
trilhas de pedal. Sim, estava decidido. Valeria a pena levar consigo
a adrenalina dos esportes!!
Depois de fazer
mentalmente as malas da nova vida, concluiu que amor é: “um
caminho que começa em si mesmo”. Protagonizar era a palavra de
ordem ...Esse era o sentido de tudo. O outro seria sempre
coadjuvante.
Nascia uma nova
mulher, trazia consigo o melhor da que tinha ficado para trás. E
trazia consigo um brilho novo nos olhos...Enfim, descobrira
finalmente o que lhe faltava. Procurou em todos os recantos...Andou e
tateou no escuro...E [re]descobriu-se.
Sorriu tranquila ao
se reencontrar. Estava em casa, de novo. Finalmente, se [re]habitava.
Nenhum comentário:
Postar um comentário