quarta-feira, 11 de novembro de 2015

BRISA BLASÉ

Por Patrícia Leite




Deitou-se com a cabeça a mil por hora. Sentia-se embotada. Não conseguia mais demonstrar interesse por nada. E nutria um principal desinteresse pelos excessos, quaisquer que fossem eles.

Mas a inaptidão para recomeçar um relacionamento amoroso era algo que colocava o amor no topo das coisas que nenos a entusiasmavam.

Ao contrário, despertava-lhe um absoluto desinteresse. Ela ainda se sentia presa a um amor do passado e esse era o mais esgarçado dos tecidos envolvidos na colcha de retalho que a constituía.

Dormiu pouco mais de 4 horas, naquela noite... Lentamente, virou-se na cama, sorriu maliciosamente, sem ao menos abrir os olhos, se espreguiçou e o primeiro pensamento que lhe ocorreu foi: – hoje é dia de me reinventar.

Começou a repassar mentalmente a lista das coisas que seriam necessárias a essa nova mulher.

Bocejou...

Talvez ainda usasse algumas peças das roupagens antigas, pensou. Mas o fato é que era chegada a hora de virar a página.

Tinha o hábito de lavar os cabelos ao acordar e antes de dormir... Manteria o hábito. Manteria ainda o prazer de se perfumar ao deitar e de se jogar nua sob as cobertas.

Sempre detestou dormir vestida. As lingeries, para ela, tinham uma única função: seduzir!! E ela era sexy e sabia usar isso em seu favor. Ok, manteria esse item no seu “guarda-roupas” também. O que mais levaria para essa nova mulher que nasceria hoje, pensou!?

Uma lufada de vento entrou pelas janelas, quarto a dentro e sacudiu as cortinas De Voil formando uma grande barriga. Parecia uma vela de vento em popa.

Ok. Estava decidido. Levaria a velejadora também e todo seu lado aventureiro. Não abriria mão das cavernadas, decidas de rappel, rafting, escalada, trilhas de pedal. Sim, estava decidido. Valeria a pena levar consigo a adrenalina dos esportes!!

Depois de fazer mentalmente as malas da nova vida, concluiu que amor é: “um caminho que começa em si mesmo”. Protagonizar era a palavra de ordem ...Esse era o sentido de tudo. O outro seria sempre coadjuvante.

Nascia uma nova mulher, trazia consigo o melhor da que tinha ficado para trás. E trazia consigo um brilho novo nos olhos...Enfim, descobrira finalmente o que lhe faltava. Procurou em todos os recantos...Andou e tateou no escuro...E [re]descobriu-se.


Sorriu tranquila ao se reencontrar. Estava em casa, de novo. Finalmente, se [re]habitava.

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