quinta-feira, 8 de maio de 2014

É DINGUE





O Campeonato Brasileiro de Dingue 2014 foi uma experiência realmente gratificante para estreantes e veteranos. 75 barcos na raia. Emoção até o último segundo. Foi de uma beleza ímpar ver de perto uma classe que consegue reunir um número tão expressivo de barcos na água.
Naquele último dia de regata, o mar transformou-se em um berço singular a acolheu no seu balanço tantos veleirinhos. Estávamos todos em uma raia olímpica, e isso por si só já causava um impacto muito forte. Mas, ainda assim e apesar da ansiedade, tudo era acolhimento e aconchego. O vento foi realmente generoso. Nem tão forte... Nem tão fraco... Apropriado.
Hora da largada. Último dia, última chance de subir algumas posições, derradeiro segundo de buscar o primeiro lugar. O coração acelerado e o farfalhar das velas panejantes davam o tom do dia. Todos, sob um céu azul, de um ensolarado domingão, 4 de maio, esperavam que a CR subisse a bandeira da classe, tocasse a buzina e começasse a oitava e última regata do campeonato.
Cronômetros nas mãos, ouvidos atentos ao disparo sonoro...Barcos correndo a linha... Sangue nos olhos, faca nos dentes, vontade de vencer. Duas largadas queimadas. Foi preciso uma terceira.
A flotilha largou subindo no contravento e todos, por razões óbvias, queriam chegar primeiro na montagem de boia de entrada para o popa. E foi com muita festa na água que – pela primeira vez na história do Brasileiro de Dingue –, que ouvimos os gritos de comemoração porque não foi um velejador que cruzou em primeiro a linha de chegada. Uma dupla feminina venceu o campeonato.
Enquanto a festa das campeãs começava... O segundo lugar dos estreantes parecia escapar das mãos da dupla Patrícia Leite e Luiz Prado que corriam pelo Cota Mil. Brigitte, o barco que carregava o número 4888 e seus tripulantes em segundo lugar, durante todo campeonato, talvez não terminasse a regata. Na montagem da última boia eles foram abalroados e o leme se partiu de uma forma que praticamente impossibilitava a navegabilidade.
Poucas cambadas, um constante trimar de vela, o uso do corpo para orçar ou arribar o barco, foco, paciência, firmeza e determinação...A linha de chegada parecia não ser alcançada nunca, o terceiro lugar estava prestes a ultrapassar Patrícia e Prado, mas o Deus dos ventos reconheceu o esforço dos velejadores do Cota e resolveu que daria um empurrãozinho. Éolo mandou uma rajada que impulsionou o Brigitte.  Nada de extraordinário. O suficiente para cruzar a linha de chegada. Para voltar para o Iate Clube do Rio de Janeiro foi necessário chamar um reboque. Ainda assim, a alegria tomou conta da tripulação. A questão do leme resolveriam depois. Era hora de celebrar.
Enfim, o que foi o campeonato de Dingue 2014? Foi um grande velejar...Seguir ao sabor do vento...Trocar experiências... O que ficou claro, sem sombra de dúvidas é que neste campeonato sobrou emoção para o primeiro lugar, para o segundo, para o último.
Mas o mais importante e o mais belo não foram os resultados finais, foi ver a garra dos tripulantes de uma flotilha que só cresce e que em 2 de novembro de 2015, em Maria Farinha (PE), quer colocar na água 100 barcos. E vamos colocar.
Que os bons ventos nos esperem... Até lá meus queridos amigos dingueiros de todo Brasil.

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