sexta-feira, 29 de novembro de 2013

#DESNUDA & DESCALÇA


Por Patrícia Leite 

VONTADE de levantar da cadeira, colocar uma mochila nas costas e colocar o pé na estrada ao som de Eddie Vedder. Por quê? Porque há horas em que todos os espaços são pequenos, estreitos, fétidos e sufocantes.

Porque tenho vontade de SUBVERTER... De dormir sob as estrelas, de nadar em rios turbulentos –
super bem-vestida de nada, coberta apenas pelos meus próprios pelos.

Alguns dirão que isso é o sangue índio gritando por liberdade. Mas há tantos PORQUÊS...

Porque quero saltar de cachoeiras, velejar no mar, subir montanhas, descer penhascos, almoçar em cavernas, nadar com golfinhos, chorar PRETÉRITOS e seguir em frente.

Conceitos, preconceitos, conduta, ética, moral, hábito, regras, leis...ORDEM.

Ordem de quem, minha gente? Estabelecida por quem, minha gente? Nasci de um parto normal, de uma mulher normal, em um lugar normal, em uma cidade normal. Encarnei desnuda e descalça. SOZINHA.

Plantei árvores, tive filhos, escrevi um livro. Justifiquei, segundo dizem, a minha EXISTÊNCIA. Mas nunca nadei no mesmo rio, porque o rio corre e se transforma a todo momento. Nunca andei na mesma estrada, porque até as pedras se movem e modificam seu lugar de origem.

Nunca estive com os mesmos amigos... Porque pelas mesmas razões que as minhas e por tantas outras eles também se [re] inventam e se tornam outros a todo momento. Porque quando encontro os “velhos” amigos, faço amigos novos, e faço isso todos os dias, há meio século, ou seria um século, ou alguns milênios?? Não sei. Todos os dias, sou alguém novo. Mas sou um alguém que aprendeu a rir dos arranhões, das CICATRIZES, dos desastres.

E quando eu voltar desta grande mochilada que iniciei esta manhã, quero sair VESTIDA apenas de minhas próprias histórias, calçada com as experiências das derrapadas que dei. Mas também quero sair da pista...Desta vez, mais consciente, mais em alta velocidade, rumo ao desconhecido...Quero trombar com a experiência daquele outro que não me habita e me renovar.

Porque descobri, a um certo tempo, que para ser feliz é preciso estar VULNERÁVEL ao que tiver que vir. Não dá para “viver a vida” sem adentrar a dura selva de pedra em que transformaram nossos corações desapontados, traídos, enganados... Não dá para “viver a vida” ressabiada, recolhida, enclausurada, ensimesmada como cadela mordida de cobra que não pode ver linguiça que corre com medo.

PORQUE Sociedade realmente louca espero que não esteja solitária sem mim” durante a minha ausência nesta engrenagem do acaso e do caos.





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